SEVERINO PEDREIRO

Não, Atila não acreditava no Deus que vivia nos palácios e mansões dos condomínios fechado, meu Deus quantos ais. Acreditava sim no Deus pobre Severino, que levantava cedo, que morava na periferia, que tomava seu ônibus lotado as cinco da manhã, com sua marmita na mochila, que andava sobre os andaimes e telhados, que jogava truco no horário do almoço. Atila não acreditava nesse Deus de pronuncia correta, que anda em carro importado com seguranças e tinha casa em Brasília, que tinha ações na bolsa de valores do mundo e que amava varias mulheres bonitas. Acreditava sim no Deus pobre que andava de bermuda e chinelos no fim de semana, que saia de mãos dadas com sua mulata pra juntos fazer o sacolão, ela que fazia prancha em seu cabelo no salão da esquina que sai rebolando suas ancas dentro de seu longo de chita e ele á adora como ela é, que no domingo frequentava a igrejinha de pau a pique e de terra batida,cheia de sorriso e vida, não as catedrais tão cheias de ais. Nesse Deus Atila acreditava, que é carpinteiro, pedreiro, porteiro e não doleiro.