NARRATIVA DE UMA VERDADE ABSOLUTA

NARRATIVA DE UMA VERDADE ABSOLUTA

Nós três, primos consanguíneos, nascemos no ano de 1957. Coincidentemente hoje temos 57 anos. ALISTAIR, filho de uma irmã da minha mãe, nascido no início do mês de janeiro; eu, que sou do final de março e o CIDINEI, filho de um irmão, também da minha mãe, é de meados de junho.

CIDINEI fazia a vez de líder; sempre foi um dos caras mais extrovertidos que conheci e conheço. Às vezes até exagerava e exagera neste quesito. Eu sou intermediário na coisa; já o ALISTAIR é tímido e retraído, chega a ser paranóico.

Quando passamos dos treze anos nossos corpos começaram a apresentar as diferenças de crianças virando homens. Apareceram os pelos nas axilas, no buço e na região pubiana (para os menos pudicos: saco!). A voz ora era suave, outra ora grossa e áspera, e para nossa ojeriza acontecia picos de grave.

Vivíamos sem preocupações e/ou responsabilidades, como qualquer trio de adolescentes da época. Qualquer acontecimento menos sério com um de nós era motivo de chacota dos outros dois. Sendo o CIDINEI o que mais cornetava. Um dia sem mais nem menos ele disse:

- Ontem dei minha primeira trepada.

Para mim foi um choque! Para o ALISTAIR foi uma bomba. Ele quase desmaiou. Não existia tabu entre nós, quando era só fantasia, mas a realidade é chocante. Nunca havíamos discutido nossa iniciação. De repente ela acontece para um... Os outros têm por obrigação de seguir os passos.

Antes mesmo de balbuciarmos qualquer palavra o CIDINEI nos interpelou:

- Vocês dois já treparam?

Só balancei a cabeça em sinal de negação, mas o ALISTAIR quase engoliu a língua. No que ficou claro que também não.

- Pois então tirem “par ou ímpar”. O ganhador vai trepar hoje. Vou leva-lo à casa da luz vermelha. O perdedor vai amanhã.

Sem pensar e nem contestar pedi “par”, logicamente sobrou “ímpar” para o ALISTAIR. Jogamos nossas mãos direitas à frente, eu com dois dedos destacados e ele com somente um dedo em destaque. Portanto perdi. De certa forma para alívio meu, pois assim adiava pelo menos até amanhã a minha vez.

Vendo o resultado CIDINEI decretou:

- Você ALISTAIR esteja hoje depois das 20:00 h na esquina lá de casa.

Não houve contestação. Sabíamos que um dia isso ia acontecer. Perder a virgindade. Pensei. “Será se amanhã vou brochar?”

Rapidinho chegou a noite. O ALISTAIR foi e aconteceu tudo certo. Assim ele afirmou no nosso encontro pela manhã. E pela cara dele; de vergonha, mas sorridente, podia-se perceber que ele não mentia.

Voltei a pensar: “será se vou brochar?”.

À noite lá estava eu sendo levado pelo CIDINEI à casa da luz vermelha (identificação do cabaré, naqueles tempos). E antes que o galo cantasse três vezes eu tive meu terceiro pensamento: “será se vou brochar?”.

Chegamos ao nosso destino com o CIDINEI todo parola. Foi logo fazendo contato com uma das mulheres e literalmente me jogou nos braços dela. Não vou caracterizar os dotes femininos e de beleza dela, pois são relevantes no contexto. Aos meus olhos, naquele momento era “comível”, e basta!

Ela fez sinal para acompanhá-la. Minha barriga doeu. E tive certeza: “vou brochar!”.

No quarto, usando de experiência ela apagou a lamparina (44 anos atrás, na periferia de uma cidadela de interior não tinha energia elétrica). Escuro como breu, ouvi ela me chamar:

- Tira a roupa e vem.

Como um autômato obedeci. Mas antes pensei pela última vez: “vou brochar?”.

E brochei...

Por incrível que pareça meu primo CIDINEI só veio a dar a sua primeira trepada quando casou; assim ele mesmo confessou.

E comigo só veio acontecer de fato... (que cada um tenha sua verdade e certeza, quando na realidade eu sei da verdade absoluta). {{risos... risos... risos...}}

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 12/11/2014
Código do texto: T5032176
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