Um dia na vida de Jenny

Jenny está no quarto e ao abrir os olhos ela se pergunta em qual cidade estaria. Afinal, por viajar tanto, ás vezes, não consegue lembrar onde está. A cabeça dói, ela não consegue levantar, fica lá imóvel olhando para o teto na contínua tentativa de recordar que hotel era aquele, porém sem muito sucesso. Começa a pensar na noite anterior e lhe vem à mente imagens de muitas pessoas ao seu redor fumando, bebendo, cantando... As cenas em sua cabeça são enevoadas e não consegue reconhecer muita gente. Enfim lembrou.

-Roma!! Estou em Roma.

Sentiu a cama balançar e olhou para o lado, então percebeu que não estava sozinha, havia um rapaz dormindo ao seu lado, contudo ela não tinha idéia de quem se tratava. Alguém bate na porta e ela pensa: O dia começou mal hoje. Senta na cama toma algumas aspirinas com whisky e vai abrir a porta. Era Mark produtor da banda e seu amigo.

- Hey, você vai se atrasar.

- Mark, preciso de mais 2 horas. - Disse ela.

- Não tem como Jenny, a coletiva começa em 5 minutos. Que horas você pensa que são?

- Não estou nem aí pra hora, só quero voltar a dormir.

- Te dou 2 minutos, é tudo que tenho pra você. Agora vá tomar um banho rápido, se vista e desça ou irei voltar aqui com os seguranças para te carregarem até lá. E você sabe que sou capaz de fazer isso.

-Mark?!!

- 2 minutos Jenny, se apresse. - Disse ele ao sair.

- Ahh!! Que saco.

Ela vai direto para o banheiro toma um banho rápido, coloca uma roupa qualquer e sai deixando seu colega de cama trancado dormindo sozinho. Vai para o saguão e se joga em uma poltrona.

- Até que chegou cedo Jenny! -Falou rindo um de seus amigos de banda.

- Ou isso ou o Mark ia mandar os seguranças me pegarem... De novo.

Eles riram e foram para a coletiva. Apesar de todos os integrantes da banda estarem meio dispersos a entrevista não foi de todo ruim. Ao voltarem para o hotel teriam umas cinco horas de descanso antes de irem para o show, enquanto todos foram passar o som e ensaiar, Jenny voltou para o quarto, ela nunca participava das tiragens de som. E ao entrar viu que o tal cara estava acordado:

- Você me deixou trancado! -Disse ele com um pouco de raiva.

- Quem é você?

- como assim?!! Passamos a noite juntos e vem me perguntar quem sou eu?!!

- Tenho certeza que a noite foi fantástica, especialmente para você. Agora cai fora.

- O que?

- É surdo por acaso? Cai fora! ‘tô’ afim de descansar antes do show. -Disse ela ao sentar na cama e acender um cigarro.

- Você me disse ontem que gostava de mim e que ficaríamos juntos.

- O que você é? Uma virgenzinha?!! Você transou ontem e não foi com qualquer pessoa, foi comigo. Agora cai fora daqui e vai contar pros seus amigos que transou com Jenny Ross ontem à noite.

- Você é uma vadia mesmo!

Enquanto ele pegava suas coisas, ela levantou , pegou um vaso e atirou nele que conseguiu desviar. Ao ouvir o barulho o segurança de Jenny entrou, segurou o cara no momento em que partira pra cima dela e o tirou de lá.

Finalmente estava sozinha no quarto, mas mesmo se não estivesse ainda assim estaria.

Ela tinha o trabalho dos sonhos viajava muito e via lugares fantásticos. Estar no palco era o melhor momento do seu dia, mas o depois e o antes a matavam. Os integrantes da banda e os produtores eram a única família que ela conhecia. Não sabia do pai, a mãe morrera um ano após sua fuga de casa e não tinha irmãos. Sempre se sentira culpada por tê-la deixado com aquele monstro de seu padrasto, mas por mais que tentasse, ela não sairia de lá. Sabia que não tinha culpa disso, mas a cabeça de uma pessoa solitária cria caminhos e certezas muitas vezes irreais.

Tentou dormir, mas naquele momento já não tinha mais sono, apenas um nó na garganta que teimava em aparecer de repente, quando acontecia ela pensava: É como diz a música do Renato ‘vem de repente um anjo triste perto de mim’. Sorriu um pouco nesse momento, porém havia uma dor crescente no seu peito, então levantou e foi para o banheiro, abriu a torneira para encher a banheira. Enquanto isso olhava seu reflexo no espelho ao tomar goles de whisky, começou a chorar copiosamente. Entrou na banheira, deitou-se até ficar submersa na água, ficou lá olhando o mundo completamente distorcido. Quando não conseguiu mais segurar o fôlego levantou e saiu, estava toda ensopada, voltou para o espelho. Começou a ter enorme raiva do que via refletido ali, soltou um grito com um misto de dor e desespero. Deu um soco nele que se partiu. Nesse momento o segurança, que ficava em sua porta, entrou e a encontrou no chão molhada, chorando, falando coisas incompreensíveis e com a mão sangrando. Pegou-a nos braços, colocou-a na cama, amarrou um pano em seu corte e saiu. Em seguida voltou com Mark ao seu lado.

- O que diabos aconteceu aqui?

- Não sei, apenas ouvi o grito, entrei e a encontrei assim.

- Temos de leva-la ao hospital. Pegue o carro e espere na saída por trás do hotel.

- Certo.

- Ah, não comente com ninguém! Não quero a imprensa especulando sobre isso. Entendeu?!

- Eu não faria isso com ela Mark e você sabe disso.

- Tudo bem. Agora vá.

- Ohh minha garota por que faz isso com você?

Foi uma pergunta sem resposta, Jenny continuava a chorar.

Após voltarem do hospital, Mark foi com ela para o quarto.

-Como você está?

-Bem, estou sempre bem. – Deu um sorriso triste, foi o melhor que conseguiu.

-Se quiser podemos adiar o show¿ Falaremos que você teve um problema de saúde.

-Por que isso, Mark? Estou ótima. Não vê?!

-Jenny, por que você faz isso?

-Mark, eu te amo, você é como um irmão pra mim. Só que tem coisas... Não posso explicar. Apenas sinto e é tudo. Mas não se preocupe, está tudo bem. Vamos para o show antes que nos atrasemos.

Ela simplesmente levantou e saiu. Mark não teve o que fazer apenas foi com ela para o estádio, a banda de abertura já estava quase terminando quando chegaram. Os outros integrantes estavam começando a ficar impacientes.

-Finalmente hein Jenny. -Falou o baterista.

-Ahh, cala a boca. Nem me atrasei.

-Por muito pouco que não. O Mark quem te fez vir não foi?!

-O que posso dizer? Sabe como sou.

-Se não fosse ele, você não participaria de nada. –Disse o guitarrista.

-A outra banda acabou, parem de conversa fiada e vão para o palco. –Disse Mark para todos e olhando para Jenny – Tem certeza disso?

-Nunca estive tão certa de algo na vida. É isso que me faz feliz. –Deu beijo carinhoso no rosto de Mark e foi para o palco.

A plateia estava alvoroçada todos ansiosos para o show que foi um dos melhores. Sempre eram os melhores. Cada momento no palco a fazia sentir como se fosse o último, assim aproveitava todos eles intensamente. Depois do show foram comemorar em um bar, em seguida foram pra uma festa. Jenny não lembrava que horas voltou p hotel, nem se ainda estava em Roma. Não tinha importância, nunca tinha. Era apenas mais um dia em sua vida.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 25/10/2014
Código do texto: T5011161
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