Jardim solitário
Davi carregava o mundo nas mãos. Não o mundo de modo geral, mas o mundo dele. Bolas de neve, sorrisos, abraços, jantares em família, noites mal dormidas-seguido de dias corridos, tristezas e alegrias, lembranças. Olhava para as mãos e enxergava o conjunto do que foram os seus últimos anos naquele jardim. Olhava para o céu e deparava-se com a luz da lua refletida nas flores. Um eterno jardim, o mundo de Davi.
Do outro lado, Joana. Da fresta da janela via-se um raio de sol. Um pequenino e brilhante raio de sol, despertando a manhã. O cômodo estava sereno, silenciado pelo começo de um recomeço. Joana não carregava o mundo nas mãos, mas sim a solidão. Não tinha bolas de neve, sorrisos, abraços, jantares em família, noites mal dormidas-seguido de dias corridos, tristezas e alegrias, nenhuma lembrança. Olhava para a si mesma, a procura de uma explicação. Enxergava o sol, mas não entendia o propósito de sua luz. Eterna solidão, a solidão de Joana.
No meio do caminho, um templo carregado de bons sentimentos. Bolas de neve, sorrisos, abraços, jantares em família, noites mal dormidas-seguido de dias corridos, tristezas e alegrias, lembranças. Sentimentos não só de um único ser humano, mas de todos. Sentimentos do mundo. Entre eles, Davi e Joana – a lua e o sol. Davi a procura de um novo mundo. Joana a procura do primeiro mundo. Ambos surpresos pela resposta do templo. Davi conheceu seu novo mundo. Joana conheceu Davi.