Perdição
Quando moleque era comum assistir meu pai surrar minha mãe todo santo dia.
Ele dizia que um homem tem que domar a sua mulher, senão ela acaba sendo a sua perdição.
Conheci minha esposa aos 18. Eu tinha uma banda e ela me disse que sonhava em ser cantora.
Segui o exemplo de meu pai e nunca a deixei cantar.
Nossas brigas eram constantes, as surras que eu dava nela também. Mas eu a amava e ela sabia que se algum dia me deixasse, eu a mataria, e foi assim que eu a fiz me respeitar.
Na última vez em que brigamos, eu a deixei caída no chão da cozinha com um olho roxo e o nariz sangrando. Peguei uma cerveja, voltei pra sala e continuei assistindo ao meu futebol, era a porra da final do campeonato e a vadia tava me irritando como sempre.
Justo na hora em que o Deco ia bater o pênalti a vadia voltou, e dessa vez ficou bem na frente da TV, me impedindo de ver o jogo. Levantei e fui pra cima dela mais uma vez.
Essa noite ela ia ter!
Foi então que ela puxou algo que trazia nas costas. Era uma arma.
Ajoelhei-me, pedi calma.
- Vamos conversar, querida. – eu disse.
- Agora você quer conversar, filho da puta. – ela gritou.
Implorei a Deus que ela não o fizesse... Foi inútil!