Saudades de Marilda...

Acordei com o telefone tocando. Tinha me deitado para um cochilo e acabei dormindo muito. Fazia uma semana que eu não dormia a noite inteira. Sem falar nas noites maldormidas do hospital. Era minha irmã, dizendo que minha pequena sobrinha, de dois anos, tinha um recado importante pra mim. Sinto um vazio na alma que não consigo deletar. Falta um pedaço de mim, e esse pedaço é Marilda. Lembro de quando a conheci e de todas as aventuras que vivemos ao lado dos nossos amigos. Foram tantas farras que resolvemos morar juntas.

Dividimos as despesas de vários apartamentos e moramos juntas por muitos anos. Foi a melhor amiga que tive. Era a mulher mais interessante que eu já havia conhecido. Aqueles cachinhos negros sobre seus ombros lhe caíam bem demais. Os homens a queriam, mas ela não os levava a sério. Não encontrara nenhum que lhe interessasse. Seus olhos pequenos, mas vivos, chamavam a atenção de todos para seu caráter e disposição para a vida. Honesta e caprichosa e amiga pra todo o momento. Confiei nela no momento em que a conheci e nunca me arrependi. Meus sobrinhos todos a chamavam de Dandão, e a adoravam. Esse era seu apelido de criança. Ela era enfermeira em uma clínica de Vitória, capital do Espírito Santo. Naquela clínica, Marilda era a enfermeira mais popular de todas. Todo mundo gostava dela. Brincava com as cozinheiras, arrumadeiras e até com os médicos. Os colegas de profissão, eram suas “vítimas”. Rogério , Negão e Valmir eram os colegas do sexo masculino e o Valmir era quem a Marilda mais gostava dentre eles. Era com ele que ela tinha intimidade de brincar. Até hoje não sei o nome verdadeiro do Negão porque era assim que ela o chamava. As meninas eram suas vítimas favoritas:

A “Beth a feia”, só vive comendo. Para de comer menina, você vai explodir, !!!Vai trabalhar!!!

A Letícia, sua melhor amiga, era a Lelêu. Ela vivia imitando-a a empurrar seu carrinho de medicamentos;

A Flávia: Não ofereçam nada a chefe hoje gente, ela está de dieta. Ela só pode comer duas melancias, dois abacaxis, dois melões e cinquenta laranjas...não é chefe? KKK, e assim por diante, ninguém escapava dela.

Chegava fazendo uma tur pelo lugar pra verificar como andaram as coisas em sua ausência. Costumava chamar de Highlander as pessoas enfermas que não morriam, mas não saiam do hospital. Eram velhinhos(as) ou qualquer pessoa que tivesse uma doença destas que podem se prolongar por muito tempo. Brincava com a morte como se pudesse vencê-la. Mas, as lágrimas brotavam de seus olhos, quando sabia que algum deles tinha partido para o “último andar”(era assim que ela se referia a morte). Sentia-se impotente diante dela. Mas mesmo assim, escondendo a tristeza dizia:

_Viveu muito, passou da hora de descansar!

Os pacientes a adoravam. Chegava botando todos pra se movimentar. Em cada quarto era uma brincadeira diferente:

“_ Boa noite sr João! Tomou banho hoje? Lavou tudo direitinho???? Olha que eu não gosto de gente que cheira mal, hein! Gosto de gente cheirosa, limpinha...pra este quarto ser o mais cheiroso dessa clínica médica. Vamos lá, vamos ver como o sr se comportou na minha ausência e olhando o prontuário, ia fazendo a medicação.

_E a senhora dona Maria?!? Cadê aquele batom lindo que usava outro dia? E porque hoje não está com aquele penteado que deixa a senhora mais linda e com cara de menina? Tava me esperando pra fazer um penteado novo, não é ?!!!? Vou começar a cobrar, hein!!!!

_E esse aqui? É novo no pedaço não é? Já te disseram que eu sou a Hitler do pedaço? Que eu gosto de tudo muito limpo e arrumado? Deixa-me medir a sua pressão arterial pra ver como anda esse coração, pois daqui a pouco vamos fazer um cooper. Isso mesmo!!! Pensa que aqui é hotel? E amanhã bem cedo, quero te ver com todos os outros pacientes, caminhando lá fora pra tomar um sol. Estão muito brancos e anêmicos. Parece até que estão doentes... Não estão dando comida pra vocês, não? Conta-me a verdade que eu mando prender esse pessoal da cozinha.”

_Já tomou seu comprimido Sr José? Agora me mostra esse braço cheio de Muck que eu vou lhe aplicar uma injeção. E não pode chorar hein!! É só uma mordida de formiga. Pois garanto que minha mão é tão leve que o senhor nem vai sentir nada. E era mesmo!!

_E esta mulher linda aqui? Tá chique demais!!!Vai a algum baile? Assim que eu gosto de ver... Muito bem D. Antônia!!! Está cada dia melhor e mais bonita! Desse jeito vai arrasar com os corações dos homens. E me abandonar logo.”

E rindo continuava a fazer seu trabalho, de quarto em quarto. Nunca faltou serviço, sem justificativa séria. Chegava um pouco mais cedo e andava em silêncio pelo corredor. Ia até a cozinha e depois de atazanar bastante as cozinheiras e ajudantes, jantava. Era geralmente mimada por elas. Elogiava a comida e despedia-se, indo para seu pequeno “Postinho médico” (Era assim que chamava o lugar onde ficava). A enfermeira Flávia, sua chefe, enfeitava o lugar com flores e cuidava de organizar tudo. Ângela, a assistente Social do Hospital, pintava quadros e pendurava alguns na parede pra deixar o ambiente mais bonito e confortável. Faziam painéis com datas e aniversariantes do mês. Num cantinho havia uma mesinha móvel, que na verdade, era o carrinho de levar a medicação. Assim que chegava e depois que suas colegas lhe transmitiam o plantão, Marilda cuidava pessoalmente da medicação de cada paciente. Olhava o prontuário e separava em copinhos de café, nos quais colocava o nome de cada um, as pílulas que lhes cabia. Separava também as seringas com a medicação intravenosa(para o soro) ou muscular conforme fosse o caso. Depois seguia com o carrinho pelo corredor com aquele jeito peculiar de ser, que gerava até algumas imitações por parte das colegas, fazendo graça. Deixava quase sempre a medicação pronta para todos os horários . 22 h, 00h, 2 h, 4 h e 6 horas, conforme necessidade de cada paciente. Assim evitava os atrasos. Era pontualíssima. E muito cordial também. Até para aqueles pacientes que estavam em coma e provavelmente não escutariam, ela dava seu:

_ “Boa noite!!! Sentiu a minha falta???”

Todos davam gostosas gargalhadas com Marilda. Era só vê-la chegando pras gargalhadas soarem pelo hospital. Tudo fruto das besteiras que ela falava só com o intuito de alegrá-los. Até hoje parece que ainda a ouço.

A noite corria tão depressa que ela nem percebia. Pela manhã acordava-os bem cedo e levava pra tomarem banho de sol no jardim, a medida que fazia-lhes o medicamento. Acordava aqueles que perdiam a hora com cócegas ou com um sonoro:

_Bom dia!!!

Brincava que a farra tinha sido boa na noite, mas que o dia estava lindo lá fora para recebê-los.

Nada e nem ninguém, fazia-lhe perder seu bom humor e aquela alegria contagiante. Lembrava Florence Nightingale, considerada a "mãe" da enfermagem moderna. Claro que não se pode comparar a beleza de Florence com a de Marilda mas as duas eram enfermeiras exemplares.

Tanto cuidou de doentes que não se lembrou de cuidar da própria saúde. Adorava uma cervejinha e sair com amigos nas suas noites de folga. Nossos amigos estavam sempre nos visitando. Nossa casa era pura alegria. Também não era pra menos, Ela era a alegria em pessoa.

Marilda tinha uma saúde de ferro. Nunca reclamava de nenhuma dor. Nunca sentira dor de dente ou cólica menstrual. Mas um dia, chegando no hospital, sentiu uma dor esquisita e evacuou sangue. Quando viu sangue no vaso sanitário, ficou preocupada. Seu intestino era regular e nunca fazia fezes duras, sempre pastosa e duas vezes ao dia. Aconselhada por uma colega a procurar um proctologista, foi categórica em dizer:

_Eu nunca vou mostrar meu redondo a nenhum médico!!!

E continuou a trabalhar normalmente. Mas as coisas se complicaram. A dor ia aumentando e o sangramento foi virando rotina...

Assustada, Marilda procurou Dr ª Jurema, uma proctologista do hospital, que reconhecendo os sintomas, pediu uma colonoscopia com urgência e receitou-lhe uns medicamentos. A Dr ª se encarregou de apressar os exames e em dois dias o resultado chegou. Foi como se ela tivesse levado uma paulada na cabeça, ao ler o diagnóstico. Chorou copiosamente e não queria aceitar. Mas o pior é que ela sabia que era isso mesmo. Afinal, quantos casos de câncer ela havia presenciado? Tinha perdido a conta. Conhecia os sintomas mas não correra atrás. Agora precisava ser operada com urgência, antes que se espalhasse por outros órgãos.

Ela foi encaminhada ao Hospital Santa Rita, o melhor do estado em tratamento do câncer. Ela já trabalhou lá e conhecia todo mundo, inclusive o médico que a Dr ª Jurema indicara, já fora seu colega de trabalho.

Começava uma luta implacável contra o tempo. Hospital, exames, tratamento, cirurgia, quimioterapias, radioterapias... Era triste vê-la assim. Ficou em estado lastimável. Não queria aceitar e nem queria morrer.... Dizia que era jovem demais e que tinha sonhos. Queria fazer faculdade. Queria tanto! Desejava tanta coisa. Sonhara com tanta coisa pra sua vida. A quimioterapia a deixava enjoada, com a boca e as partes íntimas feridas. Vomitava muito durante a semana que se seguia a quimioterapia. Seus cabelos iam caindo aos poucos. Logo ela, que era tão vaidosa consigo mesma, (Levava um tempão pra arrumar os cabelos diante do espelho) e agora... Não conseguia comer nada e ficava muito fraca. Chorava muito e a depressão tomou conta dela. Uma noite acordou com um sorriso no rosto e me contou um sonho que tivera:

Preta, sonhei que uma mulher coberta com um manto azul e com uma voz bem suave veio me visitar e disse:

“Marilda, eu vim te dizer pra você se preparar. Reze o terço Marilda! Reze o terço Marilda! Deves rezar, pois tua alma está muito magoada e assim se salvarás!!!”

Choramos muito com o sonho. Marilda não era muito religiosa mas já havia sido católica não praticante.Cria em Deus e sabia que Ele estava acima de tudo. Andava sem fé, por causa do que estava vivendo. Não sabíamos o significado do sonho. Ela acreditou que se rezasse o tal terço se curaria. Mas não sabia rezar.

No dia seguinte, Marilda foi internada com uma forte crise de dor. Passou a noite no hospital. Quando amanheceu, Flávia e Graça vieram visitá-la no hospital eGraça trouxe-lhe um presente. Quando ela abriu, era um escapulário com uma foto de Nossa senhora do Rosário. Ela quase gritou pra mim:

_ Era essa, a mulher do meu sonho!!! Recuperou a fé em Deus.

Sua fé se reavivou mais ainda, quando a Flávia lhe disse que ela tinha duas escolhas: Ou lutar e continuar viva ou desistir e morrer e assim abandonar seus amigos e pacientes. Aquelas palavras penetraram em sua mente como se fossem uma bomba. E ela resolveu lutar e continuar viva. Afinal, quem cuidaria de seus doentes se ela se fosse?

Entre uma crise de dor e outra, passamos em frente a uma igreja e Marilda quis entrar. Lá dentro algumas mulheres estavam rezando e ela me perguntou o que elas estavam fazendo. Eu lhe disse que estavam rezando o terço. Então ela quis rezar. As mulheres e eu a ensinamos e ela aprendeu a rezar o terço, e conforme a santa lhe dissera pra fazer no sonho, passou a rezá-lo com frequência.

Então resolveu sair e se divertir um pouco. E embora sem cabelos, pois caíram todos, não usava lenço e quando alguém ficava olhando, ela dizia sorrindo:

_Culpa do câncer!!!

Assumiu a doença e lutou bravamente contra ela. Ela curou-se por eles, seus Highlanders, seus doentes. Foram oito meses de luta. Médicos, hospital, exames, quimioterapias, sofrimentos, dores, mas ela não desistia. Muitos amigos a ajudaram e ela se recuperou. E voltou a seu trabalho. Foi recebida por toda a equipe da clínica médica com festa e flores. Era sua vida, a sua maior alegria, era estar ali.

Comprou um monte de lacinhos de bebê, colava na cabeça e um par brincos de argolas que colocou nas orelhas, e assim ia trabalhar.

Todos os meses tinha que voltar ao médico pra fazer revisão. Mas trabalhava toda feliz. Refazia os exames e mostrava ao médico. E assim se passaram mais cinco meses. De bem com a vida, trabalhando e se divertindo. Seu cabelo havia crescido mas ela os usava bem curtos pois não estavam mais cacheados. Agradecia a Deus por ter lhe curado todos os dias.

Em Outubro saiu de férias e foi passear no Rio de Janeiro. Lá sentiu uma pontada no local da cirurgia e ficou preocupada. Quis voltar logo e procurou seu médico. Pediu ao médico pra repetir os exames só pra ver se estava tudo bem, e qual não foi sua surpresa quando descobriu que estava com um tumor enorme no ovário direito.

Foi como outra bomba. Revoltou-se contra Deus. Dizia que Ele não estava nem aí pra ela. Que Deus não a amava, que o Dr Fernando tinha relaxado com os exames, e até a mim ela tentou afastar, dizendo toda a sorte de coisas pra me ferir. Não queria que eu a visse sofrer e que por conseguinte sofresse também.

Dr Fernando abandonou o caso pois não queria ver todo o seu sofrimento de novo, pois eram amigos, e passou a bola pra Dr ª Edelweis. Uma médica muito atenciosa e linda, que a conquistou logo na primeira consulta. A Doutora disse que seu estado não era dos melhores mas faria a cirurgia dentro do melhor possível. Mas que ela teria que ajudar não se deixando abater, pois na maioria das vezes o que matava o paciente era a depressão e a não aceitação dos fatos. Porque havia medicamentos eficientes e tratamentos eficazes.

Quando a doutora abriu na cirurgia, verificou que havia metástase e nem retirou o tumor pois não havia nada que se pudesse fazer. Ela se entregou ao desânimo pois sabia de tudo. Conhecia os sintomas e percebeu imediatamente. Não estava tomando anti-inflamatórios pra sanar a cirurgia. Perguntava o que estava acontecendo e escondiam dela mas de nada adiantou. Ela sabia!!! Começou então a depressão. Só chorava e sentia muita dor. Gritava de dor. Quando a dor aumentava, ela gritava tanto, que todos no hospital se penalizavam dela. Fazia um coquetel de medicamentos pra aliviar a dor, mas de nada adiantava. Já estava tomando morfina de 60 mg por dose, de quatro em quatro horas. Amigos e vizinhos que trabalhavam no hospital iam fazer-lhe o medicamento mas de nada adiantava. Seu estado clínico foi piorando a cada dia. Era de casa para o Hospital e do Hospital para casa. Até ficamos hospedadas, de dezembro até julho, na casa de uma amiga, a Cacá e a Mari pois ficava mais perto do hospital. Eu não dirigia e não tínhamos carro. As nossas amigas tinham carro e por isso nos levavam pro hospital sempre que fosse necessário. E assim foi durante sete meses. De dezembro a julho. No dia 23 de junho ela foi levada às pressas para o hospital com uma forte crise de dor e lá chegando disse que não sairia de lá com vida. Chorava o tempo todo e já perdera o sentido da vida, dizendo coisas desconexas.

No dia 03 de julho ela foi colocada em coma induzido pelos médicos, para diminuir seu sofrimento. Sua barriga estava enorme e suas roupas já não lhe serviam. Estava toda inchada e mudou até a sua fisionomia. Os amigos que iam visitá-la choravam e diziam que ela não passaria daquela semana. Na quinta feira, 07 de julho, pela manhã ela abriu os olhos e pediu danoninho. Tomou com muita dificuldade o copinho inteiro e depois disse que queria ver a sua irmã caçula. Mas ela não deu tempo de vê-la pois morava em outro estado. Foi ficando serena, seu semblante mais triste e a respiração mais difícil. As enfermeiras ficavam o tempo todo aspirando-a.. Era o seu fim...Partia devagarinho pro Último andar. As 23 horas desse dia, fechou pra sempre seus olhos e deu seu último suspiro. Foi-se pra sempre deixando uma multidão chorando. No velório, havia muitos amigos. Nem imaginei que seriam tantos. Muitos choravam e muitos riam das suas aventuras. Foi um dia muito triste, mas no céu deve ter sido um dia de festa. Iria encontrar-se com muitos amigos e pacientes que já haviam partido da mesma maneira. A todos que ela assistira na hora da morte!! Parecia sorrir. Estava feliz, sem dor. No último momento, em que descia até a derradeira morada, os amigos cantaram pra ela a “Canção da América” do Mílton Nascimento e não houve quem não chorasse. Jogaram rosas pra ela. Amavam aquela pessoa que não teve tempo de ter tudo o que queria, mas com certeza amava tudo o que conseguira na vida... Tudo o que a vida lhe permitiu ter nos seus 41 anos de existência.

Até hoje ainda é lembrada por todos os que a conheceram. Dizem que sempre que se ouve o barulho daquele carrinho de medicamentos, sentem a sua presença sorrindo pelos corredores da clínica médica. Se fechar os olhos, ainda se ouve o eco das gargalhadas dos pacientes, provocadas por ela. Flávia continua por lá e até hoje recorda suas brincadeiras.

Voltei a realidade com a voz da minha irmã a me chamar no telefone.

_ Acorda Menina, Ei alô!!!

_Desculpe-me, eu estava voando.

_ A Isinha acordou agitada hoje e me perturbou o dia inteiro. Disse que a tia Dandão esteve aqui. Procurou-a pela casa inteira. Insiste que quer falar com você. Ela disse que tem um recado pra você. Fala com ela:

_Alô, titia, a tia Dandão falou que é pra você não solá mais. Ela disse que tá num lugá muito legal e que tá feliz e que não tem mais dodói.

_É mesmo querida? Obrigada pelo recado, tá. Mas ela não me ouvia mais. Assim que ela terminou de dar o recado desligou o telefone.

Por incrível que pareça eu não consegui mais chorar. Sei que minha amiga está bem. Ela está feliz e eu não quereria vê-la sofrer. Por isso guardo em minha mente somente as lembranças boas que ela me deixou. Só consigo vê-la sorrindo e fazendo gozação com todas as pessoas a sua volta. Sabendo de seu jeito gozador Deus deve tê-la colocado pra receber as pessoas que partem daqui. Espero ser recepcionada por ela quando for a minha vez de partir para o “último andar”.

Saí pra tomar um pouco de ar. A noite estava começando e dava pra ver as estrelas no céu. Fazia frio mas lá estava, entre todas, uma estrelinha que brilhava muito, e parecia me transmitir calor. Pareceu-me ouvir Marilda gargalhando. A estrela brilhava cada vez mais e eu sabia que não tinha motivos pra chorar. Cada vez que eu sentir saudades, me lembrarei dos bons momentos e buscarei no céu a estrela mais brilhante.

_Brilhe minha amiga, brilhe. E brilhando, ilumine a minha vida e a de nossos amigos. Tenho certeza de que um dia estaremos juntas, outra vez, pra continuar a nossa aventura de viver, do ponto em que paramos nesta vida.

Fim

OBS.:

Esta é a história da vida de Marilda. Cada palavra é a mais pura verdade. Não escrevi este conto sozinha, mas por causa de um certo preconceito, ela pediu-me pra retirar seu nome. Em respeito a ela, retirei, mas lhe dou o devido crédito. Foi com as informações que ela me deu que consegui escrever este conto. Nilma Rosa

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 21/10/2014
Reeditado em 22/10/2014
Código do texto: T5007082
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