DIÁLOGO DO PASSADO COM O PRESENTE

Aqui estou sentado em minha cadeira de balanço.

Com o óculos a iluminar minha visão;

Uma bengala para sustentar minhas pernas;

E uma sandália que ajuda a conduzir meus passos.

Observo a natureza que encanta a varanda da minha residência.

Ouço os pássaros que cantam e embalam o ambiente primaveril;

De repente a cabeça pende sobre o pescoço e ponho-me a sonhar.

Viajo no túnel do tempo e me deparo com uma criança sapeca, inteligente, feliz.

Ele corre atrás de uma bola vindo em minha direção.

A bola pára em meus pés e o menino um tanto quanto assustado pergunta:

Quem é o senhor, que surge assim num piscar de olhos diante de mim?

É alguma alma penada?

Sorri ao ouvir a sua indagação.

- Não filho eu sou você amanhã.

O menino gargalhou como se estivesse gozando da minha aparência e foi logo dizendo:

Se o Senhor sou eu amanhã, o que o senhor deseja que eu faça.

Parei por um instante. Observei o garoto. Analisei toda a minha existência e acrescentei:

Desejo que você seja um filho obediente para com seus pais;

Um menino respeitador, um estudante exemplar.

E que você possa ser um piloto de avião conduzindo passageiros pelos céus brasileiros, bem como, em voos internacionais.

Quero que você case com Flavinha, lá está ela de mãos dadas com D. Lourdes, sua mãe. Ela é linda, não é?

Vocês vão ter cinco filhos: Mónica, Jéssica, Jayme, Luiz e Miguel e dez netos lindos.

- Olá Senhor, acorde! Casar com Flavinha isto é muito bom. Mas, na minha opinião esta exigindo demais, não?

Sorrimos!

Observo o menino e ele me observa.

Agacho e o abraço com ternura.

Estendo-lhe a mão deslizamos por um caminho florido.

Ao aproximar de Flavinha, nove anos de idade, ela sorri para nós, como se advinhasse nossa conversa.

Pisquei para o menino Enzo Morais, dez anos, e me despedi batendo continência e desapareci do mesmo jeito como cheguei.

Acordei em minha cadeira de balanço, sendo acariciado por Flavinha que estava agora com oitenta e quatros anos de idade.

Sorri para ela, beijei-a emocionadamente e fomos para o interiror da residência com passos vacilantes.

Sobre um móvel uma foto minha com roupas de comandante e ao lado uma miniatura de um boeing.

Mais adiante, na parede uma foto da familia: Flávia Morais, Enzo Morais, os filhos e os dez netos, que naturalmente enriqueceram a familia.

Olhei para minha querida Flavinha e percebi a criança que ainda existe em nós.

Eternamente!