Gotinhas de amor
Gotinhas de amor
Em toda a minha vida, ou bem esse tempo contado de minha existência, percebi que o amor nos aparece em pequenas gotas. Gotas de sorrisos, pedidos, entrega de uma flor, a chuva que nos molha em momentos tão delicados ou ainda longe de casa. A minha capacidade de perceber essas nuances que por via de regra nos parecem sempre distintas, não me colocou numa mera posição de espectadora. O calor de um pensamento transformado em realidade sempre nos torna mais amenos e sólidos ao ver o mundo. Foi bem assim que percebi no meu amor incontáveis momentos que passamos juntos. Eu sempre soube que eram apenas gotinhas de amor em seu oceano de venturas. Eu sabia que de gotinha em gotinha quem sabe eu teria um dia um pequeno lago, no qual eu poderia mergulhar e la dentro relembrar vividamente todos os sentimentos postos e encontrados dentro do meu coração e sentidos pela minha alma. Nunca em tempo algum era esperado ficar, pois assim como as gotinhas que caem do céu mudam de estado, o meu amor também estava sempre se transformando. Tudo o que se poderia fazer era viver e sentir cada momento oferecido e tão aguardado, onde cada cena seria guardada como que num rolo de filme para ser visto posteriormente por quem quer que fosse. Cada gotinha era bem diferente de qualquer uma outra. Cada uma tinha um sentido e permanência bem distintas, e tinham cores diferentes também. Cada uma, de acordo com sua dádiva se revelava mais ou menos duradoura. Não havia distinção entre elas, e isso as tornavam únicas em sua coletividade.A medida que as gotinhas de amor escasseavam, eu sabia que o amor se ia também, não para sempre, mas ele ia devagar como que se dissesse que estava não indo mas, apenas voltando devagar. Eu sabia que o amor se esvaia, dissolvido pela intempéries da monotonia, pasmaceira, indiferença e a própria falta de amor. Enquanto elas escasseavam, mais e mais meu coração se acomodava, chorava as vezes, mas se retraia e voltava e ser apenas barro. E eu sabia que elas sempre estariam lá. Sempre.
Malibe, 18 de setembro de 2014