Por que não estou feliz?

O menino andava e chutava uma pedra no caminho, seu nome não importa o que importava era o semblante triste que levava o menino de apenas 12 anos, onde ele passava o ar ficava mais denso, não se sabia o porquê, aliás, nem o próprio garoto sabia o porquê de tanta tristeza.

Talvez fosse porque sua mãe havia apanhado de seu padrasto na noite anterior, mas isso não o afetava mais, ele já havia superado. Então se isso não era, pensava ele, chutando a pedra que se perdia em um bueiro mais a frente, só poderia ser porque seu irmão havia sido baleado semana passada por policiais que estavam subindo o morro enquanto ele estava indo para escola, mas isso também não há de ser, pensava ele enquanto procurava outra pedra para chutar, pois seu irmão só havia levado 2 tiros, um de raspão e outro que havia pego na batata da perna sem risco de morte, ele lembra que o seu vizinho estava andando junto com seu irmão e não teve a mesma sorte, foram 2 tiros certeiros, um na nuca e outro nas costas.

Então o menino parou, no semáforo olhou e atravessou, chegou à praia, que era seu destino,

antes de entrar no mar ele sentou bem no rasinho, onde as ondas só encostavam-se a suas pernas e inconformado, voltou a tentar achar o motivo de sua tristeza.

Contando nos dedos ele foi anulando cada um de seus problemas, como sua mãe, seu irmão, as contas de sua casa que ele já ajudava a pagar, seu padrasto que ele odiava, mas já pensava em matar, sua futura namoradinha que ele criaria coragem de falar, nesse meio tempo ele viu outro garotinho com seus 6 anos, chorando de baixo do guarda-sol dos pais, este chorava porque o pai não queria alugar uma baleia preta e branca da barraca ao lado, o Pai com lagrima nos olhos consolava o filho de todas as maneiras, explicava que não poderia alugar a baleia, o Filho era tetraplégico e não poderia sair do lugar, a mãe chorava no outro canto da barraca sem conseguir explicar para o filho o porque só ele não poderia ir para a água.

O garoto levantou, foi em direção ao mar, o semblante já estava mudando e um leve sorriso no rosto começava a aparecer, ele também não sabia o motivo desse sorriso, só entendeu que não devia mais procurar o motivo da tristeza, mas procurar o motivo de não estar feliz, entrou no mar aliviado com um peso a menos, um peso que procuramos perder dia após dia, um peso sem nome, uma felicidade breve, que nos move e que talvez seja o segredo que todos procuramos.