Um Brasil sem fome
"Minha mãe muitas vezes dormia com fome para alimentar os sete filhos."
Carlos Jaime Matias - Amontada/CE
Depoimento enviado em 07/10/2014
Meu nome é Carlos Jaime Matias, sou professor efetivo no município de Itapipoca – CE. Nasci em 1972 em Amontada – CE. Naquele tempo a gente mal tinha o que comer. Meu pai não conseguia mais do que feijão e farinha de mandioca para o almoço e jantar. Para completar a refeição a gente colocava a calda do feijão e misturava com farinha de mandioca.
Minha mãe muitas vezes dormia com fome para alimentar os sete filhos. Às vezes papai podia comprar óleo de caroço de algodão para temperar a comida. Mamãe colocava uma colher de sopa desse óleo em cada prato, isso às vezes, para amanteigar o feijão. Arroz, refrigerante e biscoitos só mesmo para quem adoecesse. Então a gente sentia desejo de adoecer.
Carne era muito raro e papai nunca pôde comprar carne sem osso. Quando havia alguma galinha de casa elas nunca aumentavam, pois mamãe matava uma ou outra de vez em quando. Papai pegava de espingarda preá, nambus, tejos, juritis e pebas, animais silvestres. Mas isso não era constante pois todos os moradores do lugar perseguiam os animais e eles se tornavam escassos.
Me casei em 1998 aos 26 anos de idade e tinha concluído apenas a 5ª série do Ensino Fundamental. Voltei a estudar e terminei o Ensino Fundamental e Médio. Em 2004 prestei vestibular mas tinha que pagar a faculdade de tempo especial, nas férias, janeiro e julho. Minha esposa era beneficiária do Bolsa Família e recebia algo em torno de 60 reais. Eu era concursado em Amontada-CE como vigia, pois em 1998 prestei concurso público e como não tinha formação, fiz pro nível de alfabetizado.
Com salário de vigia, alguns bicos que fazia somados com o Bolsa Família, consegui pagar meu curso superior. Eu trabalhava para sustentar 4 pessoas. Eu, minha esposa e nossos dois filhos. Pagar uma faculdade era muito difícil, mas agradeço a Deus e ao governo de Lula que estendeu o Programa valorizando-o ainda mais dando oportunidades às pessoas carentes. Nunca na minha casa a gente comeu só feijão com farinha. Tínhamos opções. Sempre tivemos carne, peixe, frango e ovos. Hoje não recebemos mais o Bolsa Família. Saímos há alguns anos do perfil do Programa e fomos cortados automaticamente. Prestei concurso público para Itapipoca-CE em 2012 e fui aprovado e contratado em 2012.
Por saber que este Programa tem ajudado de forma significativa a muitas pessoas pobres como eu, quero que este governo continue para garantir melhoria de vida e melhores dias com qualidade aos carentes de nosso Brasil. Parabéns presidentes Lula e Dilma.