A multa da Mafalda
Garcia era um homem sério. Trabalhava como guarda de trânsito. Multava o dia inteiro. Sabia que a sua era uma das profissões mais odiadas do mundo. Não ligava, alguém tinha de fazer o que ele fazia. À noite foi para casa. A Mafalda, sua mulher, o esperava. Assim que ele entrou, começou a bombardear. Reclamava de tudo, contava tudo, falava como doida. Ele fez um sinal para ir devagar, dar um tempo, ele estava cansado, estressado. Que nada, ela falava mais ainda. E mais rápido. Talvez achasse que não havia tempo suficiente para dizer tudo.
O Garcia pôs o dedo em seus lábios e, com a outra mão, fez um sinal para ela esperar. Não adiantou. Ele, então, pegou seu bloco de multas, a habilitação dela que estava em sua bolsa, e fez o que sabia fazer. Deu para ela duas multas. Uma por não parar diante do sinal e outra por “dirigir” muito rápido. Pegou o imã e colocou as duas na porta da geladeira. Só aí ela entendeu o que ele queria dizer. Eram duas multas de verdade. Ficou ali, entre incrédula e indignada.
Ele, por sua vez, tomou um bom banho, colocou um pijama confortável e deitou-se. Dormiu com aquela sensação gostosa. A sensação de dever cumprido.o0o0o0o0o0o0o0o0o0o0o0o
Essa vida da gente
Para adquirir este livro no Brasil
--------------------
Para adquirir este livro nos Estados Unidos