CATANDO CASCALHOS
Havia um riacho que passava perto de minha casa. As aguas eram doces e cristalinas. Ali era o meu pequeno paraiso. Aprendi a nadar e a respeitar toda aquela beleza. Eu tinha muitos amigos ali. O vento que soprava, fazendo as arvores cantarem. Abelhas fazendo mel. Aquele perfume de agua e terra, mais os das flores e o barulho da grama crescendo... Pássaros que viem matar a sede. Borboletas de todas as cores. Pertinho dali o pé de lima, tão doce. Ali eu me sentia realmente em casa. Eu e meu irmão Leleco pescavamos, lambaris, que mamãe fazia bem frita, na gordura quente. Ouviamos o canto de iara mãe da agua. as vezes ela aparecia. Linda vestindo sempre azul. Ela parecia flutuar acima das aguas. Seu canto era doce e sereno. Todos nos ficavamos, embevecidos, com tamanha beleza. Tudo parecia parar, Até as aguas corriam, mais leves. Ai ela falava algumas coisas, que o vento traduzia. Falava que um dia tudo aquilo podia ser destruido, por uns seres, muito estranhos, que amavam tanto um tal dinheiro, que por causa dele, toda aquela beleza, não tinha valor.