A Força da Mente
Tenho uma irmã que mora, desde a década de 80, com sua família, marido e dois filhos, em uma casa num bairro localizado na região norte de Belo Horizonte – MG, denominado Etelvina Carneiro.
De 2010 para cá tem sido praxe, por mero lazer, sempre que tem eventos festivos, alguns de nós fazermos, a pé, o trajeto dos aproximados 16 quilômetros entre o bairro Santa Efigênia até aquele bairro.
No domingo de 13/04/2014, estava programado um churrasco em comemoração ao aniversário de 72 anos do marido de minha irmã. Então Eu, um dos meus irmãos, um de meus sobrinhos e um colega nosso, este com mais de 70 anos, combinamos de irmos caminhando, como de costume.
Quanto ao nosso companheiro idoso, esta foi a segunda vez que nos acompanhou nesse trajeto, embora o faça em trajetos outros para lugares diversos.
O nosso colega é movido à cerveja, especialmente a Brahma. Sabendo disso, quando a caminhada vai se tornando árdua, dado o horário de sua realização – normalmente iniciando às 9 horas, com duração de 3 a 4 horas, utilizamos a tática de anunciar que dali a 1 ou 2Km será feita uma parada para “reabastecimento”.
A partir desse momento uma reenergização física se apossa do Roberto e suas passadas se tornam mais vigorosas e assim vamos nos aproximando do destino.
Desta vez, quando da nossa última parada em um bar, com direito a boa música ao vivo de um cantor solitário, que tocava e cantava canções do Raimundo Fagner, o meu irmão ligou para a nossa sobrinha, filha da minha irmã, comunicando que não demoraríamos muito a chegar.
Então a nossa sobrinha se Propôs a nos apanhar de carro, o que foi aceito por nós. Porém, eu preferi cumprir os 3 quilômetros restantes correndo.
Chegando à Rua Canteiro de Rosas, onde se localiza a residência pretendida, avistei ao longe algumas pessoas saindo de uma casa.
De longe deduzi erroneamente que se tratava da casa da minha irmã.
Um senhor que acabara de fechar o portão da garagem ainda não havia entrado no carro quando eu cheguei correndo, esbaforido e ordenei a ele com ênfase, embora com semblante de alegria: ABRA O PORTÃO, ABRA O PORTÃO!
A minha convicção foi tal que o dono da casa abriu de imediato o portão, permitindo-me a entrada.
O meu intento era adentrar a casa, a qual já havia enviado comando ao meu cérebro, ser a casa da minha irmã e seguir direto para o quintal, desaguar todo o suor, após a parada.
Tendo atravessado apressadamente toda a sala do vizinho, estando no corredor de acesso à cozinha, ouvi uma senhora ralhando com um garoto: “por que você está brigando com ele, você não está na sua casa?”.
Ao ouvir isso, e ainda acreditando estar no endereço correto, meti a minha colher de pau: “é mesmo, por que você está criando caso?”.
Cheguei à cozinha, quando me apercebi do equívoco. Dei meia volta e tomei o caminho da rua.
Enquanto fazia a manobra de retorno, vi a senhora colocar a mão direita sobre o coração e exclamando: “ai que susto!”.
Ao alcançar a calçada da residência visualizei o proprietário e seus acompanhantes ainda paralisados, talvez sem entender porque teria acatado a minha “ordem” de abrir o portão da própria casa sem sequer me conhecer.
Perguntei a ele: Como o senhor abre o portão da sua casa para o “ladrão”?
Meio sem graça me disse apenas que estava tudo bem, sem problemas.
Acreditei que era a casa da minha irmã e passei a agir sob o ponto de vista desse entendimento e isso ocorre em muitos aspectos de nossa vida.
Por sua vez, ao ouvir uma “ordem” emanada com tanta convicção, o dono da casa me julgou com “autoridade suficiente” para determinar o que ele deveria fazer. Até mesmo cumprir a ordem de abrir as portas da sua casa para um estranho.
Finalizo com uma reflexão: como é obediente a nossa mente?! Basta intuirmos algo como verdade e aquilo se torna de fato “verdade”. E essas “verdades”, podem nos fortalecer ou nos destruir. Só depende dos nossos comandos.