PRIORIDADE EDUCATIVA

Reunião de família na casa dos LIMEIRAS.

- Pessoal, pessoal, a gente vai precisar cortar alguns gastos urgentemente - anunciou o pai de família.

O protesto foi geral. As crianças lembraram dos shoppings; a mãe passou a mão sobre os longos cabelos lisos.

- Vamos com calma gente - continuou o pai - O governo anunciou o aumento da mensalidade das escolas particulares.

- E o que a gente tem a ver com isso - indagaram as crianças.

- A partir de agora vamos ter que adotar um plano de austeridade

- Fala direito papai - disse uma das meninas

- Minha sugestão - continuou o pai sem incomodar-se coma a interrupção - é que alguém vai ter que mudar de escola.

- Pai, eu quero mudar de escola - disse Marina uma das duas meninas - não suporto a professora de matemática.

- Deixa o papai terminar, tá bem, minha querida? - pediu carinhosamente o pai

- Pois bem - continuou - Eu acho que um de vocês vai ter que ir para a escola pública.

- 'Cê tá louco, pai - Disse Gustavo o primogênito, único homem entre os três filhos do belo casal Limeira.

- Ronaldo! - Exclamou escandalizada a mãe, reprovando a ideia sacrílega do marido.

- Mamãe, o pai não ama mais a gente? - indagou Soninha a caçula da família com voz chorosa.

- Credo. Prefiro minha professora de matemática - replicou Marina.

- Calma gente. A coisa não é tão ruim assim... - disse o pai apaziguador.

- O irmão de vocês - disse dirigindo-se as duas filhas - o Gugu, vai fazer o último ano do ensino médio. A mensalidade dele é a mais cara. Além do mais, ser aprovado numa escola pública até o Max consegue.

- Pai, não leva o Max pra escola pública - disse suplicante a caçulinha temendo pela sorte do seu cãozinho.

- Pai, eu sei que consigo - disse Gugu - mas e como fica meu currículo pra faculdade?

- Dá-se um jeito filho. Pode confiar no papai aqui.

- Nem pensar - recomeçou a mãe que estava estupefata com o rumo que a reunião estava tomando.

- Nem morta que vou deixar meu filho estudar numa escola dessas. Já viu quantos professores já foram mortos nestas escolas? Se tratam assim os professores...Não. Esse lugar tá cheio de delinquentes. Não quero meu filho misturado com essa gente. Tem que haver outro meio.

- Bem, é isso ou vamos ter que cortar o salão de beleza.

- A piedosa mãe levantou-se de diante da mesa de jantar. Circundou a cozinha pensativa.

Por fim disse decidida: - Onde fica essa tal escola?

ESTE É UM CONTO DE FICÇÃO.

al morris
Enviado por al morris em 26/09/2014
Reeditado em 26/09/2014
Código do texto: T4977634
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