Cores

Tudo são cores. Cores, cores e mais cores. A primeira vista de que se tem das coisas é cor. A sensação das coisas apresenta cor: essa imagem de algo na imagem traduz uma cor que personifica o sentimento que apresentamos por essa coisa. Todos os sentimentos têm cores, basta traduzi-los por meio da relação entre a coisa e a pessoa. Até se fecharmos os olhos, vamos ver diversas cores, além do preto. Uma sensação de aperto nos olhos que nos faz lembrar diversas coisas ou momentos, uma tentativa de definição para cada um deles.

Não sei como preparar as cores. Pego num objeto, mas não consigo apalpar a cor em si. A percepção se esvai a medida que as cores percorrem pela visão, já que o tato não alcança o sentido de cada uma. A imaginação cria esse monólogo enquanto o indivíduo eu continuo sem saber como definir cada uma, desde o branco suave até o mais escuro áspero. Assim, crio cada noção, um sentido de que as coisas são como elas são sem saber como e por que. Mas cada cor representa algo para cada um. A cor destina-se a alguma coisa e isto depende de cada um, não sei nem se devo começar a detalhar, já que não depende de mim.

As cores me definem dependendo de como estou agora, o antes e o depois já não sei. Passou. Não é mais fato, não é mais cor, é lembrança, já não possuo, esqueci. Os detalhes são poucos em mim. Aqui sentado na varanda vejo as coisas como elas estão, mas como foram e serão não posso dizer. As cores de cada objeto podem mudar ao longo do tempo, assim as cores, bem como eu, mudam de expressão. Ficam velhas, murchas, sei lá o que mais, apesar de poderem ser retocadas bem como também nós, mas não por dentro, só por fora.

Para, para e para. Não dá mais para ficar assim. É tanta cor que nem imagino. Uma mistura de expressões nesse pequeno invólucro de mim mesmo. Cada cor em mim fica e vai, fica e vai. Momento louco que meu eu cria quando bem quer (já eu, não sei). Cada passagem de uma cor dignifica, significa ou qualifica (fica mesmo, talvez) alguma coisa. E por aí vai. É o momento que define a cor e me desatina dessa forma com ou sem expressão.

Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 22/09/2014
Código do texto: T4971667
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