Cabaça, cuia e coité

Veio o plástico e acabou com tudo. Se resiste algum desses objetos, é pelo esquecimento, ou porque dura mais. Bem cuidado, que fique aclarado. Na cuia levava-se e se lavava o arroz, por exemplo. E como era fácil segurá-la pelo cabo, bem roliço, ao alcance de qualquer boa empunhadura.

O coité, ou será cuité?, esse era meio coco, geralmente com um `olho` ou dois simulados, quando não era a outra metade, com o olhinho já furado. Servia para pescar água do pote. Ou quando se levava o pote à cabeça, junção amaciada pela rodilha, o coité é que se colocava, como um barquinho, na superfície da água para, na ponta das ondas, reduzir-lhe as quedas.

Já a cabaça, seria pra guardar cachaça? Água boa não ia pra cabaça a toa. Era na bilha, ou `bia`, que de lá se a bebia. Frisquinha. E ainda se diz que o mundo ficou mais prático. Ou mais plástico? Só falta ver os

homens da remota Nova Guiné, ou Papuásia, trocarem as cabaças afiladas e longas - com que ritualmente mantêm seus membros de pé e embainhados - por tubos de PVC.

Tubo é possível.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 21/09/2014
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