E NA DELEGACIA DE POLÍCIA...

Um homem truculento entra em uma delegacia; derrubando quem encontra pela frente. Os policiais de plantão conseguem detê-lo, sem entender o que estava acontecendo. O homem soltava gritos ensurdecedores pedido que lhes prendessem.

- Predam-me... Eu sou assassino. Prendam-me – gritava alucinadamente.

Conduziram-no ao delegado.

Com certa dificuldade conseguiram fazer o homem sentar perante a autoridade. Os olhos vermelhos muito arregalados, o rosto desfigurado, o homem não conseguia se conter. Insistia que devia ser preso.

- Muito bem, muito bem – começou o delegado Padilha – Vamos por parte. O que aconteceu meu rapaz?

- Doutor, eu sou um monstro. Eu matei, doutor. Eu sou um assassino... um perigoso assassino. Não posso viver em sociedade. Por isso vocês precisam me prender... precisam...

- Certo. Vamos com calma, meu jovem. A quem você matou?

- Agora? Eu matei um homem que bebia comigo na esquina da rua Augusta. Mas não é só isso, doutor. Eu assassinei mais de vinte pessoas antes desse. E também já estuprei várias mulheres. E depois as matei... Doutor, depressa eu preciso que me prendam. Não suporto mais viver com todos os crimes a me acusarem e tirarem meu sono... Joguem-me na mais suja cela que você tiverem...

- Calma – dizia calmamente o delegado – não é assim que se resolvem as coisas por aqui. Primeiro precisamos averiguar as acusações que pesam contra você. Além do mais, deixe que lhe diga que você não é obrigado a testemunhar contra si próprio, entende o que digo?

- Sim doutor, mas é a pura verdade o que digo. Vê minha camisa, ainda está manchada do sangue de um trabalhador que matei a pouco. Eu o esfaqueei inúmeras vezes. Eu estou aqui, sou um assassino confesso. Não preciso, e também não mereço a menor regalia da lei.

- Pois bem, meu rapaz. Aguarde aqui.

O delegado encaminhou uma diligência ao local indicado pelo suposto assassino e lá constataram que a informação do depoente era verdadeira. O vigilante Rodrigo da Silva de 32 anos fora brutalmente assassinado após uma discussão banal.

Investigando o histórico de crimes de morte das localidades vizinhas, tiveram a confirmação, com todos os detalhes que o homem da delegacia dera, de que ele era, sem sombra de dúvidas o único autor.

-Então, doutor? Já posso ser preso então?

-Bem, meu jovem, precisamos coletar alguns dados seus. Não foi possível atestar o flagrante. Alguns crimes que você supostamente cometeu já prescreveram, pela nossa legislação. Precisamos investigar os demais homicídios para levantar provas contra a sua pessoa. Ninguém veio testemunhar contra você sobre a morte do rapaz da rua Augusta. Então vamos abrir um inquérito com sua confissão em seguida será impetrado um mandado que será expedido pelo juiz em até trinta dias. Até lá não podemos detê-lo aqui. Vá pra casa. Só não mude de endereço, nem se ausente até as 23horas. Pode ir. O senhor está dispensado.

E o assassino saiu cabisbaixo e ainda perplexo da delegacia. Estava desapontado, mas decidiu acatar a ordem das autoridades.

Dois dia depois estuprou e matou uma mulher que vinha do trabalho carregando uma pequena sacola de compras com comida para os dois filhos, pois era mãe solteira.

Dias depois naquela mesma delegacia uma nova confusão se formou. Dessa vez, os policiais conduziam truculentamente um cidadão até o delegado. Forçaram o homem a sentar na cadeira próximo ao homem da lei.

- O que foi dessa vez – disse nervoso o delegado Padilha que neste dia, não estava com cara de bons amigos.

- O cidadão aí foi flagrado roubando um supermercado nas Cajazeiras, delegado.

- Tamanho homem desse... Porque não procura trabalhar, rapaz? Porque que não procura dar duro ao invés de ficar por aí roubando de quem trabalha?

- Por favor doutor, eu estou desempregado, mas eu sou profissional. Só roubei por que minha família está passando necessidade.

- A mesma desculpa de sempre, né? O que foi que ele roubou?

- Um pacote de macarrão e um saco de leite, doutor – disse o policial. E completou: acho que está caracterizado o crime famélico, doutor...

- Eu pedi sua opinião, rapaz? Quer ser o delegado agora?

- Não senhor. Desculpe doutor.

-Pois bem. Coloca esse meliante na cela mas suja que tiver. Talvez ele aprenda e nunca mais volte a cometer delitos dessa natureza. Onde já se viu!

O cidadão ficou perplexo com a dureza demonstrada pelo delegado. Rogou, implorou e se humilhou diante do mesmo, mas não deu resultado. Foi parar numa cela abarrotada de outros criminosos muito mais perigosos que ele. Ficou esquecido naquela cadeia por vários dias. Até ser transferido para a penitenciária de Pedrinhas onde sem querer, foi confundido com um criminoso psicopata e foi decapitado impiedosamente. Mas antes de morrer ele havia aprendido uma importante lição: O CRIME NÃO COMPENSA.

al morris
Enviado por al morris em 18/09/2014
Reeditado em 18/09/2014
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