ROUBO NO ÔNIBUS
ROUBO NO ÔNIBUS
Terminal praça da bíblia. Plataforma de embarque da linha 020 = Praça da Bíblia/Garavelo, lotada. Com muito empurra-empurra setenta por cento dos pretensos passageiros conseguiram embarcar. Ainda assim um infeliz passageiro, que foi um dos primeiros a entrar, saiu lá da frente e desceu. Caracterizando o suspeito, uma vez que este tipo de ladrão faz sempre esta artimanha. Era um tipo guarda-roupa, morenão, bem vestido, todo sorridente.
Depois de uns cinco quilômetros de viagem uma senhora gritou:
- Fui roubada!
Uma outra do lado desta, daquelas curiosas a valer, quis saber detalhes, como que a que foi roubada o tivesse sido com sua própria anuência:
- Onde foi que abriram sua bolsa?
Desesperada e indignada a lesada ainda foi educada, e sorrindo sem graça respondeu:
- Não sei. Só agora que vi minha bolsa aberta. E dentro não tem nada. Roubaram a carteira com documentos, dinheiro e outros papéis. Só não levaram o celular por que este estava no bolsinho de fora.
A curiosa querendo ser simpática e prestativa gritou a plenos pulmões:
- Motorista, não abra a porta do ônibus! Tem um batedor de carteira aqui dentro. Leve o ônibus para uma delegacia de polícia.
Outros usuários do coletivo foram solidários com a proposta e anuíram:
- É isto mesmo! Vamos para a delegacia!
Nisto a senhora afanada foi ficando cada vez mais nervosa; começou a chorar.
Um outro passageiro, sem saber do acontecido; vendo que estava passando do seu ponto de descida, começou a bater violentamente na parte superior da porta e gritava:
- Quero descer! Aqui é meu ponto! Pára o ônibus!
Alguém que estava do seu lado tentou explicar-lhe:
- Houve um roubo dentro do ônibus. Ninguém desce. Só na delegacia.
O nervosinho ainda mais incompreendido esbravejou:
- Não sou o ladrão! Preciso descer aqui!
Enquanto isso junto da senhora roubada se formou um reboliço com várias pessoas dando pitaco:
- Vamos pegar o safado e dar-lhe uma taca bem dada!
Outro ainda mais radical sugeriu:
- Este filho da puta tem de ser morto!
Uma garota que tinha tudo para ficar calada, deu seu palpite:
- Vai vê o coitado está passando fome.
Uma segunda garota se virou contra a primeira:
- Vai ver você está coleada com o safado do ladrão!
A primeira mais que depressa se defendeu:
- Deus me livre! Só tenho pena dos que têm fome.
O motorista rumou para o distrito policial mais próximo. No que o ônibus parou, se posicionaram dois agentes da polícia para cada porta, um de cada lado de saída e avisaram:
- Desçam todos! Homens para a direita e mulheres para a esquerda. Encostem-se à grade (uma grade de proteção de uma residência junto á delegacia) e ponham as mãos na cabeça.
Todos dentro do ônibus desceram. Por último, eis que desce uma “rosinha”; e toda serelepe indaga, como que para ela mesma:
- Ái meu Deus! Que dúvida! Não sei se vou para a direita ou para a esquerda.
Um dos agentes da polícia pôs fim na dúvida “dela”:
- Vamos com isso, empata foda! Vai logo para a esquerda.
Houve gargalhadas para todo lado. Inclusive entre os curiosos que se ajuntaram quando o ônibus parou. A bichinha mais que depressa tomou tento e se encaminhou para a esquerda, não sem antes dar seu show particular á parte:
- Empata foda não! Até que minhas fodas são rápidas e gostosas. Quer experimentar!
Foi uma pergunta para todos; não para alguém em especial. Os policiais relevaram. De mais a mais “ela” não era otária o suficiente para uma provocação e confrontação direta assim com os policiais.
Nós homens fomos revistados dos pés a cabeça por três brutamontes, sem dó nem piedade. Desciam apalpando pelo pescoço e axilas, quando chegava não região dos “documentos” nada de apalpadelas, eram cacetadas com aqueles porretes de madeira, que ostentam e dizem ser para a defesa pessoal. As mulheres foram revistadas por duas agentes femininas, por sinal, coisa rara, educadas. Como a “florzinha” devido a dúvida entre ser macho ou não, foi a última a se posicionar, assim a última a ser revistada. E no que a agente apalpou debaixo dos braços “ela” encrespou:
- Mulher não põe as mãos nos meus peitos! Só aceito ser revistada nas partes íntimas por um bofe. Chame um dos seus colegas.
A policial, sem perder a calma explicou:
- Se você queria ser revistada por um homem por que não foi para a direita?
Desavergonhada a “coisinha” ponderou:
- Eu pensei que só homens fariam a revista, assim eu seria apalpada no capricho por um daqueles bigodudos ali.
A segunda policial, não tão compreensiva, entrou no diálogo:
- Deixa de frescura! Deixa minha colega revistá-la!
Requebrando-se toda a “figura” voltou à carga:
- Não e não! Só deixo se for homem!
Nisto foi chegando o delegado. Seria ótimo se ficasse calado, porém quis se fazer notado:
- Agente MAFALDA, o que está acontecendo aqui?
A “fofa” respondeu antes:
- Estávamos esperando o senhor para me revistar!
A “gatinha” foi levada para o interior da delegacia. Presa por desacato a autoridade. Nós, os suspeitos fomos liberados á voltar para o interior do ônibus, sendo que o produto roubado não foi encontrado. Não era para menos, com certeza o ladrão roubou e saiu antes do ônibus sair da plataforma de embarque.
N. B. Fato verídico e acontecido em 10/09/2014, ao qual fui integrante,
inclusive visto como suspeito e revistado nos modus operândis da polícia.