O menino, a Flor e a dor.
As gotas de orvalho sobre as pétalas de uma flor, fazem o menino sorrir. Ele tem apenas 3 anos de idade, mas pode ver que as gotinhas são de vida. Quando serena, a flor parece mais bonita. Na verdade ele acha que, ela, a flor, é viva por causa do orvalho, ou das gotas de água que caem sobre ela. Ele próprio não viveria sem água. Queria só ver a linguinha da flor a beber a água.
Semi deitado sobre a grama o menino conversava com a flor e com as formiguinhas. Elas eram suas amigas. A flor não lhe furava o braço e nem tirava o seu sangue para lhe dar saúde.
_Onde já se viu tirar meu sanguinho para me dar saúde? Porque você corre tanto formiguinha? Cuidado!! Posso pisar em cima de você. O que é isso que você tá segurando? Parece uma folhinha mas tá muito pequeno.- E na sua imaginação de menino, a formiga lhe responde:
_ São pedacinhos de folhas para alimentar o formigueiro. Lá tem muitos bebês formigas e elas tem fome. Preciso guardar também para o inverno e a época das chuvas. Ele sabe porque a mãe já lhe contou a fábula de La Fontaine sobre a cigarra preguiçosa e a formiga trabalhadeira.
O menino rola pelo chão e se suja todo. Ele aproveita um descuido de sua mãe. Já imagina o grito dela quando o vir naquele estado, todo sujo. “Meu Deus!!! Olha esse menino!! Vai morrer!!!
O menino não entende porque esse drama. Sabe que está doente mas está bem. Só um pouco fraco e dolorido. Depois de tomar os remédios lá no hospital é que ele fica mal. Não entende porque tem que tomar remédios para ficar se sentindo tão mal.
A flor é que é feliz. Não toma remédio ruim. É sempre linda e jovem. Parece que muda de lugar mas está sempre linda. Queria ser a flor e viver sem sentir dor. Nunca viu uma flor velha. Será que o Jardineiro já viu? Mas se fosse uma flor, seria um girassol bem amarelo. Sua mãe lhe disse que ele está muito pálido. Sua avó disse que pálido é a cor amarelada das pessoas.
A dor só vem quando ele tenta correr. Parece que tá todo dolorido. A mãe sempre ralha com ele. Não corra, Não se suje. Não se molhe. Etc. Agora o menino se sente livre.
A borboleta colorida voa sobre as flores no jardim. O menino sonha com as flores e a dor que sente atrapalha. Queria voar, correr, saltar , mas não pode. O chuvisco do aspersor lhe molha a roupa e ele ri.
O vento sopra seus poucos cabelinhos louros, que restaram. Ele tenta se levantar mas uma tontura o ataca e ele cambaleia. Senta-se no chão e aos poucos vai se deitando na grama. Está frio e de repente escurece. Já não sente mais dor. O céu agora é uma parte de si mesmo. Será que o menino se tornará uma flor ? Ele agora também tem gotinhas sobre a face, como as pétalas de flores, mas não pode apreciá-las. Pediu que queria ficar pra sempre no jardim. Entre as flores não existe dor, só o menino, as borboletas e as flores.