FRAGRÂNCIA DE NAFTALINA
FRAGRÂNCIA DE NAFTALINA
Mais uma vez aqui vou discorrer um fato do meu cotidiano dentro de um ônibus coletivo. É maçante ficar repetindo sempre que sou usuário deste referido ônibus, portanto...
Numa manhã fresca e radiante, lá vou eu para o trabalho; necessariamente e obrigatoriamente tenho que usar dos préstimos do transporte urbano de massas (literalmente sou uma massa amorfa). Por ser de manhã, próximo das 6:00 h, os ônibus rodam quase vazios, com quase todos os passageiros viajando sentados.
Assim que entrei pela dianteira já senti o aroma inconfundível: naftalina. Passei a catraca, o cheiro aumentou; sentei-me num banco além do meio do ônibus, o odor ficou quase insuportável. Tampei a narina com a gola da camisa, respirando pela boca, logo fiquei sem ar.
Não era só eu o incomodado. Um senhor sentado á minha frente levantou a lebre:
- Caramba! Que catinga de naftalina!
Tem coisas que se alguém insiste, outros ao redor criam coragem e vão no vácuo. Foi exatamente o que aconteceu. Uma moça (bonita e boazuda, por sinal), também esconjurou a fedentina:
- Puta merda! Quem tomou banho com naftalina?
Lá no primeiro banco depois da catraca, uma senhorinha, via-se que já entrara na terceira idade fazia algum tempo; humilde e até mesmo subserviente, respondeu baixinho, quase inaudível:
- Sou eu que estou cheirando...
No que ela se acusou um garanhão (tenho cá minhas dúvidas, para mim aquele cara era uma potranca) lá no fundão do ônibus, se intrometeu:
- A senhora não esta cheirando, está é fedendo guarda-roupa de casa onde tem barata.
A “cheirosinha” retrucou:
- Eu gosto do perfume...
Posso não gostar, mas tenho que concordar com que ela use, é uma preferência particular. Mas que é horroroso lá isto é!