Saudade

Ah! Que saudade eu sinto dos tempos de infância!

Nós vivíamos com simplicidade! Poucos tinham condições financeiras pra manter qualquer luxo ou ostentação!

De fazenda em fazenda nós seguíamos trabalhando duro! O trabalho nunca nos fez medo!

De manhã, a gente tomava o café e já partia rumo à lavoura! Lá, o pai dividia os afazeres comigo e os irmãos! Sem questionar, cada um sabia exatamente quais eram as obrigações.

Era um batidão só! Ninguém encarava o trabalho como uma tortura ou fardo pesado e o dia passava depressa.

Meu pai trabalhava e contava seus causos! Nós ouvíamos com atenção, sem perder o sentido no trabalho.

No cafezal, se ouvia o canto dos pássaros. Às vezes a perdiz soltava seu canto lá na invernada!

Os colegas gritavam no meio do cafezal, pra manter contato, já que não podiam se ver.

De galho em galho, as mãos corriam dos pés às pontas e os grãos vermelhinhos caiam no pano. Movimentos sincronizados das mãos causavam um chiado dos grãos caindo e batendo nas folhas. Tudo se repetia por milhares de vezes durante o dia e cada trabalhador cumpria o seu papel na linha de produção!

Derriçava, puxava o pano em movimentos rápidos pra separar as folhas dos grãos, peneirava e ensacava os grãos.

Dez da manhã, o almoço. Uma ciesta de quarenta minutos e tudo recomeçava. Gritos, risadas, causos e o trabalho seguia!

Duas da tarde, outra parada! Café, mandioca cozida com açúcar, pão caseiro. Um descanso rápido e o frenesi recomeçava.

À tarde ,vinha o trator e recolhia a produção do dia.

Cumprida a jornada, todos seguiam caminhando em direção à colônia. Homens e mulheres surgiam em pontos diferentes da estrada, saindo do cafezal.

O cansaço era visível, mas não abatia o sertanejo! Depois de um bom banho e um merecido descanso, nova jornada viria.

Casa simples, fumaça na chaminé, pilhas de lenha no canto da parede, galinhas pelo quintal, horta ,chiqueiro, as frutas no pomar e uma família vivendo feliz.

Simples assim!

J Muniz Carvalho