Sim, entendi a mensagem

23 de outubro de 2013, data do meu aniversário, mais precisamente às 5h10. Estava preparando o café da manhã quando não sei porque motivo virei o pote de açúcar, espalhando os doces cristais pelo fogão, chão e adjacências.

Um incidente desse nunca é desejável, menos ainda hoje que eu tinha o propósito de dar uma corridinha mais espichada: sair de casa percorrer todo o trajeto da Avenida do Contorno, na cidade de Belo Horizonte – MG e retornar ao ponto de partida, o que perfaz uma distância aproximada de 12,7Km. O que demanda entre aquecimento, o trajeto propriamente dito e o desaquecimento, em torno de 1h25.

Em circunstâncias semelhantes a minha reação primeira seria a de não me conter, de xingar, de gesticular, de esbravejar. Mas especialmente hoje eu não o fiz, pois não seria uma boa forma de começar um dia tão especial como é o dia do meu aniversário.

Muitas vezes a forma como lidamos com os primeiros momentos do nosso dia é que determina o quão bom o ruim ele será.

Por outro lado porque ao invés de nos irritarmos sempre, nós não procuramos evitar que coisas desagradáveis aconteçam? É fato que nem sempre esse controle está em nossas mãos, mas, na maioria dos casos, as situações indesejáveis acontecem por culpa nossa mesmo. Sabemos que não devemos deixar objetos em falso e mesmo assim os deixamos. Sabemos que não devemos deixar o cabo da panela voltado para fora e mesmo assim deixamos.

A despeito de nenhum dos questionamentos acima se aplicar ao incidente ocorrido comigo, uma indagação pareceu-me aplicável: Onde estava o meu pensamento naquele instante? Provavelmente não se encontrava em sintonia com a tarefa que eu executava.

De volta ao fato do açúcar derramado por que não buscar uma razão, digamos, espiritual para explicar o ocorrido?

O açúcar, já no finalzinho, caíra, espalhando-se por todos os lados. O que será que posso deduzir desse incidente? Que mensagem estaria por trás desse fato?

O açúcar, não muito, é doce e se espalhou como que se desintegrasse. Haveria de encontrar um subterfúgio, para não expressar os costumeiros esbravejamentos. Alguma mensagem, ensinamento ou dedução teria que advir do episódio.

Uma excelente oportunidade de reflexão estava posta para mim. Iria eu perdê-la?

Logo conclui que era uma mensagem de Deus para mim, como se a mim fosse dito: “A vida, assim como o açúcar, pode ser doce, pode também ser amarga, depende de você e seja como for, será breve e volátil. Aproveite-a a cada segundo, enquanto pode”.

Diante dessa percepção fiquei ainda mais tranquilo e tratei de reunir todo aquele açúcar espalhado, pondo fora o que me foi possível e deixando uma parte para ser aspirada mais tarde.

Após me reorganizar preparei o café, adiantando para quando eu retornasse. Adiantei também o lanche da minha filha Mariana. Programei o despertador para alarmar às 5h38, realizei algumas outras atividades de praxe e saí por volta das 5h35.

Todo esse contexto me deixou mais aliviado, sereno a ponto de eu percorrer o trajeto previsto com mais leveza d’alma.

Chegando de volta à rua em que moro alguém me mostrou um tucano assustado, saltando de galho em galho em uma árvore próxima.

Esse fato raro, nunca antes vivenciado por mim, deu-me ainda mais motivos para um dia glorioso.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 01/09/2014
Reeditado em 01/10/2014
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