DORA - PARTE 1
Tarde de verão. O mormaço predominava.
Todos buscavam o frescor das sombras. Dora precisava do silêncio interior e a introspecção nesse momento tão turbulento seria o mais sensato, afinal, agir por impulso jamais fora sua conduta. O mar seria o seu refúgio, o lugar para as suas reflexões, ele acalmaria e traria a paz desejada. Resolveu partir. Seguiu para uma praia distante. Instabilidade e solidão, neste momento presenteavam-na. A coragem para domar tais particularidades e sobretudo transmutá-las, ainda estava a galope.
Na praia, o juízo que a princípio sem rumo, aos poucos se dispersava. A tranquilidade parecia ganhar forma. A brisa oxigenava seus pensamentos que por vezes a asfixiava. As ondas com seus movimentos cíclicos esmiuçavam sentimentos salubres. Os demais que ali estavam, comungavam da mesma impressão.
O olhar de Dora se iluminou com o curso natural dos acontecimentos. Seu humor que por hora extemporâneo, progressivamente se dispôs vistoso e descontraído. Alforriada das ideias delirantes, retornou ao lar completamente revigorada. Com total despretensão e absorta solicitude, um colorido vivaz se revelou diante dos seus olhos, e percebeu que na vida, os caminhos se camuflam denotando ásperas circunstâncias para a confusão do agreste cenário da mente humana.