Não Resista
Ela está pensando em como foi deixar aquilo acontecer. Não é uma pessoa fácil, não quer ser mais uma na lista de mulheres que ele teve. Mas, é difícil conter os impulsos quando ele chega perto. E o mais estranho é que quando o contato não era frequente ela mal suportava a presença dele com o ar arrogante e seu jeito de "ah eu não me importo com mais ninguém além de mim". Mas, então mudaram o layout da empresa e lá está ele, bem ao seu lado.
Foi aí que o contato ficou mais frequente. Ela começou a ver que ele se importa com os outros, apenas não se preocupa que saibam disso. Ele cuida de quem está perto. Para ela, ele ficou interessante, até mesmo mais bonito.
Ela ficava se policiando pra não dar chances a ele. Mas, era difícil já que ele demonstra ser acostumado a isso. Parece perceber como elas gostam de sua fala suave e arrastada, como ficam quando ele escreve as mensagens e parece que enquanto elas lêem as coisas acontecem, como gostam da malícia que brilha quando ele as olha. Então elas paravam de se policiar e cediam, mas não seria assim com ela. Ela é diferente das outras, parou de pensar e dormiu.
Pela manhã se arrumou, tomou um banho demorado ensaboando cada parte do corpo, vestiu calma e lentamente sua lingerie, calcinhas do tipo short de renda na cor vermelha e o Sutiã do conjunto. Sua camisa preta sem estampas e calça preta, um tipo de social que fica justo desenhando a perna e valorizando o corpo. O salto alto é um acessório indispensável, ele a deixa com uma postura mais impactante. Uma maquiagem leve, perfume, rabo de cavalo nos longos cabelos loiros, o que faz aparecer ainda mais os olhos castanhos que de tão claros parecem cor de mel e sai. Sempre faz seu ritual de beleza pela manhã, ela é vaidosa e gosta de saber que atrai os olhares.
Quando chega ao trabalho, ele já está lá, apoiado na sua mesa em meio a uma roda do escritório, seu paletó sobre a cadeira, uma camisa branca com a gravata do tipo fina milimétricamente terminando sobre a fivela do cinto, a calça social bem passada e os sapatos brilhando de tão bem engraxados, seu visual sempre é impecável, a não ser pela barba por fazer e o cabelo bagunçado que usa. Ao passar por ele sente o seu perfume, e quase para só para sentir mais um pouco. Cumprimenta a todos e se senta. O dia vai correndo, é uma sexta e todos estão mais preocupados com o barzinho depois do expediente do que o trabalho. Por volta das 16h ele diz.
"Lais, vai com a gente hoje tomar "aquela" do fim da semana né? "
Ela pensa alguns segundos que parecem eternos, na dúvida entre concordar com tudo que ele disser e fingir que não liga para ele.
"Uma não fará mal", ela diz, jurando pra si mesma que vai resistir a ele. O expediente termina e todos vão para o bar.
"Esse desgraçado podia ser só mais um pouco chucro pra poder ficar mais fácil", ela pensa enquanto se rende a atitude que ele teve de carregar sua bolsa até o bar, segurar a porta para ela e puxar a sua cadeira para que se sentasse.
Então, o que seria uma cerveja, se torna um rio de álcool pra todos. E ela percebe que ele não tira os olhos dela. Mas está um olhar diferente, não é apenas malícia, é ferino, é perigoso, excitante e cheio de encanto. Ela já se deixou levar, não há como resistir e retribui o olhar. Então ele sorri, e acena para a pista de dança com a cabeça. Ambos vão e ali ela fica com ódio, não dele, mas dela. Porque ele dança bem demais e a cada virada em seu corpo, cada vez que as pernas se cruzam, os rostos se aproximam ela esquece o mundo, quando os rostos se juntam e a barba passa pelo seu rosto ela se arrepia e então como já estava previsto ele a gira, enquanto uma mão segura a mão dela estendida no ar, a outra a puxa pela cintura.
Ela já não sabe quando foi que o beijo terminou, quando se despediram de todos, quando chegaram na casa dele ou quem tirou sua roupa. Tudo o que ela sabe é que uma voz alegre e ansiosa diz em sua cabeça "Não resista" e que um homem entre uma mordida em seu pescoço e uma puxada em seu cabelo sussurrou em seu ouvido "Esperei muito esse momento".