Dá-me paciência!
Turma do sexto ano, muito barulhenta que de vez em quando a diretora era chamada para tentar pôr ordem na sala. Na maioria das vezes, sem sucesso. A salvação sempre vinha da professora de produção textual. Por ser jovem e alegre, agradava aos alunos. E todos ficavam na expectativa, de prontidão, esperando-a chegar.
Durante a aula no sexto ano, enquanto explicava a função do substantivo dentro de um texto, uma aluna levantou a mão:
- Professora eu não entendi, pode repetir. – Olhei para Rebeca e suspirei. Quando é que essa garota entenderá o que estou querendo dizer? Perguntei em meus pensamentos, pois já era a terceira vez.
- Bem mocinha, explicarei pela última vez e espero que entendas, pois será sua chance. – Falei num tom ameaçador. Pisquei o olho para o resto da turma e eles entenderam que eu não falava sério. Resolvi criar um exemplo usando o nome de alguém da classe.
- Preste atenção, quando digo “Mariana é uma flor” , a frase está querendo dizer que Mariana é um... – fiz a pergunta diretamente para Rebeca, isto depois que expliquei novamente o que seria um substantivo. Rebeca pensou, pensou e por fim respondeu colocando a mão no queixo:
- Já sei professora, ela é uma flor. Respondeu confiante.
- NÃOOOO!! Gritei no desespero do momento, quase caindo do salto. Alguns alunos estavam rindo do meu tom de voz. Repliquei.
- Claro que Mariana não é uma flor, minha querida. – Falei me recompondo.
- Não concordo professora. A senhora acabou de perguntar e ainda escreveu no quadro. - A menina acreditava mesmo que venceria a partida.
- Se eu estou ensinando a função de um substantivo, é evidente que Mariana é um substantivo. Falei pondo um fim à explicação. Mas a aluna não ficou por satisfeita.
- Eu não sabia que flor tinha mudado de nome. Preciso ler mais o dicionário.
- Senhor dá-me paciência. – Clamou a professora e continuou sua aula.
Débora Oriente