DESERTO
Osório encontrava-se no deserto...
No soçobro da madrugada fria, ventos gritavam de maneira assombrosa. O pavor atormentava sua mente ruidosa. O rumo turvo o desconectava do real. Com a visão opaca e limitada tornava-se perceptível o ilusório. O grande vazio o confundia com o desalento que se alojava. Encontrava-se num imenso nada. Seu descontentamento era tão absurdo e fatídico, que sucumbir parecia ser o meio razoável. Desolado, buscava por alento. Seu desejo era penetrar no tudo do nada, e compreender o nada do tudo. Precisava reagir para que a mediocridade não o fizesse perder o ímpeto. E como um estalido, passou a emitir um novo olhar sobre a vida. Inflamou-se de ousadia. Convicto de que o deserto se transformaria na gleba desejável, o entusiasmo dilatou-se vibrando uma nova brisa de aroma angelical. A ilusão do vazio transformou-se num ilimitado oásis de possibilidades. Percebeu que seria o domador do seu próprio destino. E assim, Osório renasceu e resplandeceu!