O Pai - Uma Cadeira Vazia
O Pai - Uma Cadeira Vazia
Naquele, ao fim da tarde não se viu o pai no portão. O passante costumeiro, que o via de longe, vinha desde a primeira impressão de vazio, alargando o caminho com o olhar para ver a cabeça embranquecida pelo tempo, a pender em um boa tarde afetuoso.
No coração do caminhante brotou um misto de certeza e de alívio. O velho pai tinha desistido de esperar o filho ausente. Talvez tivesse voltado os olhos cansados da espera inglória ao filho que restará e que todos sabiam zelar dos bens do velho pai.
Só que o se aproximar trazia-lhe um som de festa, um barulho há muito ausente naquelas paragens. O que seria o motivo de tamanha festança. Em seu caminho diário o homem parou os olhos quintal a dentro e viu que havia festa na casa do bom velhinho.
Um dos criados ao vê-lo, foi lhe enlaçando os passos com uma conversa estranha, havia festa na casa, pois o filho retornara. Que ele entrasse e visse com seus olhos.
E o caminhante entrou. O senhor, remoçado muitos anos, aproximou-se dele, reconhecido, contando-lhe o prazer de ter de volta o filho perdido.
Danças, vinho, alegria, conversas, histórias tristes e alegres, encontros e desencontros, tristezas, dissabores, saudades, remorsos... Alegrias, esperanças, novos sonhos.
O jovem bem vestido e arrumado, conversando atento com o irmãos e amigos, mostra por baixo do corpo limpo e descansado, ainda marcas do tempo perdido.
Contam a boca pequena que a alegria dos irmãos não foi imediata, mas tendo conversado com o pai e reconhecido os valores da família, agora enveredava o irmão por outros pensamentos, deixando escapar um abraço, um afago, que o pai percebia e sorria.
O pai agora assiste alegre, a balançar com a música, as reminiscências dos filhos, que relembram com prazer os folguedos infantis e que ao lhe perceber o olhar amoroso, sorriem de volta, felizes.
Desnecessária ao corpo do velho pai, lá fora, a cadeira vazia balança ao vento.