A FUGA DE FERNANDO
Era uma manhã de segunda-feira de 1992. Fernando como de costume caminhava em direção ao Colégio Estadual de Feira de Santana, na Bahia. Ao chegar lá percebeu uma movimentação diferente, então se dirigiu à secretaria para saber o que estava acontecendo, ao que respondeu uma secretaria:
- Não haverá aula hoje, pois os professores estão em greve.
Fernando voltou para casa desanimado, parando antes na biblioteca da cidade para fazer sua leitura diária de revistas semanais de informação e refletir um pouco. Este rapaz estava naquela cidade para estudar o segundo grau. Ele sempre foi um garoto estudioso e que se preocupava em cursar uma faculdade para ser alguém na vida e não depender de seus pais ou outras pessoas quando adulto e com uma idade mais avançada. Sua cidade de origem era Jacobina, também na Bahia.
Nesta cidade ele não tinha muitos amigos, pois era um pouco tímido e não sentia prazer em participar de festas e frequentar boites e ambientes do tipo, nutria em seu ser princípios cristãos já que sua família era evangélica. Contudo, não era tão afeito e dedicado a religião como os demais da sua família.
Fernando contava com 18 anos de idade e apesar dos pais lhe oferecerem uma qualidade de vida razoável, isto não era suficiente para ele. A solidão e a indiferença de algumas pessoas para com ele o magoava e entristecia. Pensava em ter uma vida independente, ter um curso superior. Foi quando surgiu a oportunidade de estudar em uma cidade maior, mais desenvolvida, que olhe oferecesse um estudo de melhor qualidade pata ter oportunidade de passar no vestibular. Morar numa cidade mais desenvolvida significa também para ele um meio de crescimento e de satisfação pessoal.
No dia 15 de fevereiro de 1991 partiu rumo a Feira de Santana. O seu irmão mais velho, que já morava lá, havia feito sua matricula numa escola particular. A Escola São Francisco de Assis. Despediu-se dos poucos amigos que tinha e seguiu viagem... Chegando lá, uma sensação de ansiedade cobria o seu peito, mas sentia que precisava ser destemido e vencer as barreiras do medo e alcançar os seus objetivos.
Os dias foram passando e ansiedade aumentando. O receio de não se sair bem nos estudos aliado a saudade dos pais deixava-o nervoso, tenso e até apavorado. É o que percebia os seus colegas de república, mesmo o apetite diminua em virtude desses problemas. Fernando tinha um colega por nome Ailton que se sensibilizou com ele, encorajando-o a seguir em frente, a não desistir, colocando-se à disposição. O irmão de Fernando, entretanto, mostrava-se indiferente ao seu sofrimento e dizia que tal situação era normal e que com o tempo ele se acostumava.
Realmente a cada mês ele se adaptava melhor à cidade, porém as notas nas disciplinas do curso não eram das melhores e isto o preocupava sobremaneira. Em algumas matérias ele se dava bem, infelizmente poderia não ser suficiente para aprovação ao final do ano. Fernando fizera amizade com Fabrício, um colega de escola que também não ia lá muito bem no colégio. Foi então que decidiram se transferir para uma escola pública, pois pensavam eles, lá teriam mais chances de passar de ano, uma vez que a escola particular tinha um ensino que exigia muito mais do aluno e Fernando já não conseguia acompanhar o ritmo que a escola impunha.
Então em julho desse mesmo ano o nosso personagem obteve a transferência para escola Estadual de Feira de Santana. Tal transferência era a contragosto de Lucas, o seu irmão. Ele gostaria que Fernando continuasse na escola anterior. Conseguiram a aprovação no colégio estadual. No ano seguinte continuava o seu empenho em aprender o máximo, embora tivesse suas limitações. Já o seu amigo, Fabrício não pensava da mesma forma e suas notas revelavam a sua personalidade: amante de baladas, namoricos, não se preocupava com os estudos, mas preferia trabalhar com o pai, assim teria dinheiro para gastar nas festas e comprar roupas de marca.
Retomando os fatos do começo desta narrativa, quando falamos que a Escola Estadual de Feira entrara em greve por tempo indeterminado solicitando do governo aumento de salários e melhores condições de trabalho. A insatisfação de Fernando era grande isso o estressava muito. Teria dessa forma que voltar para Jacobina, sua cidade de origem, lembra? Voltava também porque naquele momento havia perdido o emprego que tinha numa livraria. Estando desempregado, não havia motivo para continuar naquela cidade, por enquanto.
Fernando acordou cedo para viajar para Jacobina, era uma manhã de terça-feira de 1992, isto é, um dia depois de saber que não havia aula na escola. No intuito de economizar com a passagem, resolveu se dirigir até um local onde era comum as pessoas conseguirem carona para outras cidades do interior. Era na verdade um grande entroncamento de caminhões e ônibus tanto para o interior quanto para outros. Os minutos passavam, as horas passavam e nada de carona. Foi quando chegou até ele um jovem chamado Luciano, cujo apelido era peixada. Este rapaz tinha uma personalidade intrigante: era extrovertido, gostava de aventuras, inconsequente, bastante falante; parecia guardar um segredo importante. Fernando era um pouco ingênuo e aquela situação inviabilizava qualquer boa perspectiva de vida, caiu na lábia desse rapaz que a seguinte proposta:
- Brother, vem comigo para São Paulo, lá você terá vida nova e minha família pode te ajudar a ter uma vida melhor... vai ser legal, vai por mim.
A princípio recusou sua proposta, mas diante da insistência, Fernando acabou por embarcar na idéia maluca do Luciano. Duas horas se passaram e o nosso personagem já estava cansado de esperar, até que o Luciano conseguiu jogar uma boa conversa com um caminhoneiro - outras duas tentativas de carona não deram certo – ele concordou, sentiu inclusive pena dos rapazes. O caminhoneiro os conduziu a uma fazenda a margem da pista, a partir desse ponto os deixou, pois iria para outro sentido que não interessava aos dois.
Conseguiram uma nova carona, desta vez outro caminhoneiro o levou a cidade de Itabuna, no sul da Bahia. Nesta cidade tiveram muita fome e o pouco de dinheiro que tinham foi suficientemente para última refeição. A preocupação também era com a aparência física e percebiam que exalava dos seus corpos um odor desagradável, motivo de gozação recíproca, sorte deles que no mesmo local onde haviam feito um lanche conseguiram tomar banho e trocar de roupa, mas pior mesmo era o chulé de Fernando... Precisaram então traçar um plano para obter comida, não tinha alternativa a não ser pedir dinheiro ou a própria comida. Foi o que fizeram. Além disso, à medida que o tempo passava surgia um outro problema: teriam que achar um lugar para dormir caso não conseguisse carona. Praticar algum tipo roubo seria arriscado e não condizia com a formação deles. Um comerciante da cidade os ajudou. Já eram seis horas tarde quando enfim um motorista deu-lhes carona, de Itabuna seguiu viagem até Vitória da Conquista. As cidades até aqui citadas coincidentemente estão entre as maiores do interior da Bahia.
Como já era noite o motorista decidiu passar a noite num entroncamento rodoviário, onde também havia um restaurante no qual oferecia quartos para dormir e lá ficaram, ele num quarto e os rapazes em outro, mas o frio era grande, pois o clima frio era uma característica desta cidade, logo que amanheceu seguimos com ele. A diferença é que o sujeito fez a sua refeição matinal enquanto que os dois ficaram só na vontade. Embora sobrassem uns trocados que um comerciante dera em Itabuna resolveram guardar para outra ocasião, como um almoço. Ao longo do caminho passaram por Ilhéus, outra cidade importante da Bahia, mas não puderam parar, seguiram viagem. Fernando sofria de dores de cabeça constantes e nesse momento houve uma pequena discussão entre o motorista e os dois rapazes, pois Fernando precisava parar porque se sentia mal, com vontade de fazer vômito e aquele homem tinha pressa de chegar ao seu destino, mas enfim o motorista aceitou parar.
Já estavam atravessando a divisa com o estado de Minas Gerais. Chegavam à cidade de Águas Vermelhas, seguindo viagem passaram pelos municípios de Pedra Azul, Medina, Itaobim e Padre Paraíso. Nesta última pararam para lanchar. Usaram a última reserva de dinheiro que conseguiram economizar. O restaurante era simples. Percebia-se nele a parecença de homens bêbados e mal encarados. Luciano como sempre não se importava com essas coisas, enquanto que Fernando ficava comentando o tempo todo. No momento em que os dois conversavam começou uma agitação no bar. Era mais bar do que restaurante... Dois homens começaram trocar socos, outros a arremessar cadeiras. O maluco do Luciano foi tentar apartar uma briga e levou um soco também, apesar da insistência do motorista para que ele saísse dali. Não demorou muito a polícia chegou e acalmou a situação, enquanto isso Luciano pedia ajuda numa casa próxima ao bar para colocar gelo no local machucado. Passando alguns minutos foram então lanchar mais tranqüilos, sendo que o motorista estava muito impaciente. O dono do bar perguntou-lhes:
- Vocês são nortistas? O que estão fazendo por aqui?
Fernando respondeu sobre a sua procedência. Contudo fez questão de salientar que ele, no caso, não era nortista, mas sim nordestino, pois para Fernando se tratava de preconceito porque para o pessoal de lá qualquer pessoa que não fosse do sudeste ou sul era nortista, o que é um erro, já que são regiões distintas.
Já era noite quando avistaram uma nova cidade e bem maior do que as demais que conheceram de passagem. Era Teófilo Otoni. Uma cidade composta de muitas montanhas e de muito movimento o que impressionava Fernando era bonita iluminação noturna da cidade. Outra coincidência dessa narrativa é que nesta cidade residiam alguns parentes do Fernando. Bem, é inegável dizer os dois jovens pareciam viajar a esmo, sem uma direção, um destino definido, a principio seria São Paulo, mas paulatinamente Luciano ia enrolando Fernando falando que podiam ficar definitivamente no Espírito Santo depois já mudava para o Rio de Janeiro e isso deixava Fernando intrigado.
O motorista estacionou o carro num posto de combustível e deu a má noticia para os rapazes:
- Bem garotos, agora sigam o caminho de vocês porque é aqui que eu moro. Não deixei claro onde morava para fazer surpresa. Fiz o que pude por vocês, valeu!
Aquelas palavras as deixaram ansiosos e preocupados porque acreditavam que o homem iria bem mais longe com eles. Agradeceram-no bastante. Luciano deu-lhe de presente: um vidro novo de perfume que havia guardado.
A luta agora era achar lugar para dormir, o que conseguiram numa pensão a poucos metros do posto. A dona da pensão permitiu então desde que fizessem um trabalhinho no comercio do seu irmão, ele tinha uma concessionária de carros usados. Teriam que lavá-los e distribuir propaganda da loja pelas ruas. Aceitaram a proposta, pois não tinham outra saída e assim o fizeram na manhã seguinte.
Voltamos nossa narrativa para a Bahia, mais precisamente para a casa dos pais de Fernando. Lá era uma agonia só. A essa altura do campeonato a polícia teria sido contatada para tentar encontrar Fernando ou pelo menos conseguirem uma pista do paradeiro dele. O irmão de Fernando se culpara por tê-lo incentivado a estudar em Feira de Santana e a correria era geral na família. Pessoas desconhecidas que sabiam do problema ligavam a cobrar apenas para dar informações erradas o que complicava a situação. O pai de Fernando fechou o seu comércio temporariamente como sinal de luto. Na cidade muita gente já sabia do ocorrido até por que, seu Paulo, pai de Fernando era muito conhecido e popular. Haviam espalhado também que Fernando teria sido sequestrado, entre outros boatos que saíam; a sua mãe não se continha de tristeza e preocupação. Era totalmente impensável que o filho deles tomasse uma decisão tão radical na vida.
Que ano complicado! Pensava Fernando consigo mesmo. Não estou estudando e ainda metido nessa encrenca. Após terminarem o serviço na concessionária, voltaram à pensão para almoçar como havia combinado com a dona do estabelecimento. O próximo passo era um novo trabalho para obter dinheiro para continuar viagem. Ao sair da loja, o homem fez algumas perguntas que já começa comprometer a vida de Fernando, o jeito era mudar de assunto ou simplesmente contar mentiras, foi o que fez. Luciano se ofereceu para trabalhar mais um pouco em troca de comida e dinheiro para viajar, contudo aquele senhor rejeitou a proposta dizendo que não necessitaria mais dos serviços deles e orientou a procurar o serviço social da cidade para pedir ajuda. Como ele percebera a insatisfação dos dois com a proposta, perguntou se não queriam ir até Governador Valadares com um amigo dele. Fernando pensava que um carro comum, que pudessem viajar confortavelmente. Minutos depois chegava lá um caminhoneiro com um caminhão um tanto velho, já pronto para pegar a estrada. Tal homem carregava no seu caminhão galinhas e porcos. Como a mercadoria fica exposta no caminhão e a cabine estava lotada, resolveram colocá-los num espaço desconfortável entre as aves, isso porque se a policia rodoviária visse seria um grande problema para o caminhoneiro.
Fernando queixava-se de dores nas costas e dores de cabeça ao passo que Luciano contava piada para animá-lo, inclusive aproveitava para brincar sobre o chulé de Fernando e do mau cheiro dos animais. Deram um tempo na conversa e dormiram um pouco. Acordaram com os gritos do caminhoneiro:
- Vamos rapazes já estamos em Governador Valadares. Levantem e ande porque meus animais não querem a companhia de vocês.
O quê? tá nos humilhando porra! Disse nervoso Luciano. Calma, cara, é brincadeira minha, boa sorte pra vocês e entregou-lhes 500 cruzeiros novos que o dono da concessionária mandara lhes entregar. O que os deixou muito alegres.
Vagavam meio perdidos pela cidade quando de repente Fernando teve a feliz idéia de ligar para sua casa, foi um estalo que deu nele, talvez fosse uma voz do seu subconsciente que lhe dizia para ligar e voltar para sua família. E assim fez. Dirigiu-se a um orelhão mais próximo e ligou a cobrar. A sua irmã atendeu e quando soube que era ele, falou nervosa:
- Fernando onde você está? Está todo mundo aqui preocupado com você.
O nosso personagem ouviu pelo telefone uma agitação, algumas pessoas falando e neste momento um sentimento de medo, preocupação e remorso tomaram conta do seu ser. Outra pessoa pegou o telefone, era seu pai pedindo para ele ir à rodoviária e que aguardasse um pouco lá. Jailton, primo de Fernando, estaria esperando-o para levá-lo a Teófilo Otoni. Fernando deu todas as informações de onde ele estava.
Depois do telefonema ele foi falar com o amigo e procurou se despedir rápido dele, pois estava nervoso e se deu conta do problema que arrumou. Luciano ainda tentou mantê-lo ali, mas não adiantou. Correu até um ponto de ônibus e pegou um coletivo para a rodoviária. O certo é que, no mesmo instante em que Fernando ligava para sua casa, um amigo da família ao saber onde ele estava entrou em contato com a polícia de Governador Valadares transmitindo os dados necessários, inclusive sobre o amigo que o acompanhava. Pensando nesta situação também, ou seja, com medo da polícia é que tomou providencias para sair dali.
Quanto a Luciano procurou fugir também, no entanto, duas horas depois perto de uma quadra de esportes foi localizado pela policia. Na delegacia procurou responder as perguntas do delegado e como era muito esperto conseguiu se sair bem, no sentido de não ser conduzido para o conselho tutelar. Obteve do serviço social da cidade as passagens para voltar para casa. Sua cidade, na verdade era Brasília, mentindo o tempo todo para Fernando.
Na rodoviária, Fernando teve que aguardar três horas até a chegada do seu primo. Neste ínterim, ele ligou para sua casa, falou com seu cunhado, o mesmo tentou extrair dele maiores informações sobre o caso não logrando êxito. Sua mãe mal conseguia falar com ele e o que importava para todos é que fora achado e ao lar retornará.
Em Teófilo Otoni foi bem recebido pelos seus primos e tias, ao quais eram parentes por parte de seu pai. Ele que nunca havia viajado para outro estado, estava agora em Minas Gerais, estado de origem do seu pai. Já escurecia quando chegou na cidade, estava muito cansado, perdera dois quilos, que fizera falta porque já era um pouco magro.
No dia seguinte precisou ir a um pronto-socorro, pois havia machucado seu pé, precisava tomar soro e adquirir algum remédio para suas dores de cabeça. Psicologicamente se encontrava um tanto constrangido e abatido. Por outro lado era uma oportunidade de conhecer muitos parentes que não conhecia pessoalmente e conhecer melhor a cidade também. Ele se encontrava na casa da sua tia Ana. Nesta casa moravam além dela, sua avó e dois primos. O lado desagradável desses dias é que um primo dele era muito violento quando bebia e já esteve preso por pequenos furtos. Parece que estava adivinhando e isso porque numa tarde de sábado quando Fernando estava deitado, seu primo fez o maior escândalo, dizendo que ele trazia para casa só despesa e que era folgado. Ameaçou expulsa-lo daquela casa, xingava e jogava a comida no chão. Fernando fingia que dormia, ouvindo tudo, o que o assustou consideravelmente. No dia seguinte já estava mais calmo e conversava tranqüilo com Fernando. Provavelmente tal comportamento refletia o efeito de alguma droga.
Até chegar o dia de o seu pai buscá-lo passava o tempo visitando primos e tias, desabafando sobre sua vida e tentando recuperar sua saúde. Foram dias igualmente de reflexão. Numa das suas visitas, presenciou um cena chata: uma prima sua tinha problemas mentais e começou entrar numa crise nervosa, colocava o volume do som da TV no máximo e ainda insistia em falar com as pessoas que eram exibidas no canal da de uma emissora de televisão como estivessem pessoalmente com ela e tudo isto deixava a mãe dela traumatizada e envergonhada.
Quinze dias após sua estada naquela casa era hora de partir. Seu Paulo, pai de Fernando, combinara com ele a “missão” de busca. No dia 2 de março de 1992, chega então o seu pai. Foi o momento emocionante e complicado. O senhor Paulo cumprimentou a todos e por último Fernando, dando aquele abraço forte e emocionado.
No outro dia, cedo da manhã, partiram rumo a Bahia. Durante a viagem seu pai procurou ter uma conversa séria e sincera com Fernando tentando arrancar dele os motivos que os levaram a sumir daquela forma se caracterizando como uma fuga realmente. Foi um diálogo que o deixou constrangido e chateado, pensou até mesmo em suicídio, se drogar ou sumir para nunca mais voltar. Tais idéias foram tiradas da sua mente com o tempo. Antes de chegar a jacobina seu pai aceitou que ainda passasse em uma outra cidade baiana chamada Capim Grosso.
Numa noite chuvosa de março, o nosso personagem coloca o pé enfim na sua cidade de origem. Estava a sua família inteira a espera dele e sua mãe era a mais emocionada. Terminara então o drama de Fernando e de sua família. As lembranças do sofrimento que passara ao longo daqueles dias ficaram para sempre na sua lembrança assim como a certeza de que fugir da família, aventurar pela vida afora de forma inconsequente não é a via correta e apropriada para atingir seus objetivos de liberdade ou uma válvula de escape para suas revoltas, decepções, frustrações e revoltas.
Um mês depois acabava a greve dos professores da escola que estudava, voltou para Feira de Santana para continuar seus estudos. Fez faculdade de Direito e hoje é promotor em Salvador, capital da Bahia.