MinhaHistória, Minha Vida.
MINHA HISTÓRIA, MINHA VIDA.
Minha vida é daquelas que se pode dizer foge a regra geral da vida certinha, com tudo em pauta, tenho uma amiga assim tudo minuciosamente, planejado, no entanto tenho uma propensão natural em envolver-me em episódios dignos de um filme.
Tudo se dá a partir do dia de nascimento, na época não havia nos hospitais de cidades pequenas, médicos disponíveis para realizarem cesariana, algumas mulheres se atreviam a parir seus rebentos em casa,minha mãe foi á maternidade da pequena cidade em que morávamos, foram três dias de sofrimento segundo ela, eu não nascia, as enfermeiras faziam força na barriga da minha Mãe e nada, até que uma delas num acesso de impaciência resolveu praticamente pular em cima da barriga de minha mãe e então nasci. Já meio arroxeada, e creio que lá dentro estava bem melhor.
Minha mãe contava esta história repetida vezes e me apresentou ainda a parteira que toda vez que me via esboçava um sorrisinho meio graça de quem talvez relembrasse aquele dia de tanto trabalho. Fui crescendo e muitas situações não ficaram esquecidas. Aos cinco anos quando frequentava a escolinha "Maluquinha” Era assim que se chamava fui escolhida por minha professora Lucinda para recitar um poema em homenagem ao dia das mães, por muitos dias, com a ajuda de minha tia que me fazia repetir as palavras. Chegado o dia da apresentação queria dançar com um menino, a quem admirava achava lindinho, mas ele não quis dançar comigo, em sinal de protesto tirei toda roupa ficando apenas de calcinha o que me custou uma surra ao chegar a casa! Nunca esqueci a vergonha que minha mãe sentiu na ocasião, o poema foi esquecido e nunca recitado. O tempo foi passando e junto com ele a oportunidade do primeiro emprego, adorei a ideia. Mas cheguei atrasada para a entrevista, havia uma funcionaria organizando a fila, e que friamente olhou-me e disse:
-Desculpe senhorita, mas esta atrasada á hora marcada para sua entrevista é ás 8 horas e não 9.30.
Não foi descaso ou falta de interesse apenas me atrasei, por ter tomado a condução errada e andando quarteirões e quarteirões até encontrar o endereço certo! Pensei rápido e com cara de indignação me sentindo ligeiramente ofendida afirmei sem hesitar:
- Deve haver algum engano, já havia falado com a senhora cheguei as 7.30 lhe mostrei o papel com a hora de minha entrevista a senhora simplesmente pediu que aguardasse, pois não estava no horário, minha sorte é que havia muitos esperando e afirmei com tanta segurança que ela acreditou e ainda pediu desculpas, fiquei junto aos outros do mesmo horário, participei de uma dinâmica de grupo. E a segunda fase era um exame com um médico, muito parecido com Ravengá personagem de uma novela. Na antessala estava nervosa, quando chamaram meu nome , me dirigi á sala ele cabisbaixo escrevia, pediu que me encostasse á parede e mostrasse a barriga. Na ocasião estranhei, baixei a calça e quando ele me olhou quase enfarta, me disse em tom grave:
- O que você está fazendo sem calças, pedi que colocasse a mão na vista.
-Desculpe entendi que havia pedido para mostrar a barriga.
O medico me olhou com estranheza, fez algumas perguntas de forma rápida e pediu que me retirasse, fiquei tão constrangida que ao sair da sala acabei entrando no banheiro masculino, me deparei com um homem no mictório que se assustou e me assustou também, saí de lá, quase sem acertar as portas, suava frio¨ Meu Deus, que vergonha¨ Pensava comigo mesma:Adeus emprego! Mas modesta parte a sorte esteve sempre me favoreceu e logo recebi o resultado, que havia conquistado a vaga, Considerei milagre ou bondade do médico que não considerou minha atitude, pois além de não escutar bem também não enxerguei nenhuma das letras que pediu que olhasse. Comecei a trabalhar e causei alguns transtornos, a empresa oferecia café da manhã e almoço, no meu primeiro dia não consegui chegar a tempo para o café, na hora do almoço estava extremamente faminta, e ao me servir haviam dois pratos desses feitos, eu peguei os dois, a cozinheira gentilmente me avisou que só podíamos dispor de apenas um prato, constrangida tentei colocar o outro no lugar que foi ao chão a fila parou, para que fosse removida a sujeira e ouvi xingamentos dos funcionários que estavam tão famintos quanto eu.
Apesar de tantos aborrecimentos eu levava uma vida rodeada de amigos, colegas que riam de minhas historias, até hoje não sei se gostavam de mim ou de ouvir minhas experiências desastrosas, mas sentia falta de algo mais uma companhia com quem pudesse conversar e dividir minhas dores e alegrias, a solidão provocava abatimento no meu ser, desalento na alma, parecia que não despertava encantos a ninguém, nenhum sentimento mais profundo ou desejo que fosse sonhava em casar ter filhos, beijar alguém apaixonadamente que não fosse às paredes do meu quarto, não queria mais suspirar, quando assistia ás novelas, nem sonhar com seus galãs. Não tinha nenhum pretendente, já havia colocado Santo Antonio de cabeça para baixo inúmeras vezes, tantas que ele ficou sem a mesma, quebrou, ele preferiu perder a cabeça que arranjar um casamento. Desiludida com minha sorte, e envolvida pelos meus pensamentos de solidão, um dia estava no ponto do ônibus e notei que um homem bem afeiçoado me olhava intensamente, o seu olhar penetrava o meu, parecia me convidar a conhecer-lhe, sua boca carnuda, parecia convidar -me para um beijo ardente.
As pessoas foram indo embora, e eu fui ficando, ele também, de repente... O ônibus Jardim São Marcos, não hesitei deixei que fosse embora levando os passageiros que pareciam impedir nossa aproximação.
É agora pensei... E foi mesmo, ele veio ao meu encontro,meu coração acelerou, parecia que ia desmaiar, chego mais perto até que... Sacou uma arma, colocou na minha cintura sussurrou com voz rouca, no meu ouvido.
_Princesa, isso é um assalto.
Não quis acreditar, fiquei imóvel, assisti sem esboçar nenhuma reação, ele pegou minha bolsa, meu relógio, sorriu com dentes muito brancos, e de seus lábios em tom de escárnio saíram ás palavras mais cruéis que já escutei.
-Obrigada, boneca.
Tranquilamente tomou o ônibus e se foi, levando consigo minhas esperanças de encontrar o príncipe encantado pensei que ele estava me paquerando que iria me abordar, para me conhecer melhor, era um assaltante, um ladrão. Sentei no ponto do ônibus, sou uma besta mesmo, uma besta...
Agora sem dinheiro, sem nada. Resolvi pedir uma carona para voltar para casa, acenei o ônibus parou, e antes que eu pudesse falar alguma coisa, um garotinho atirou um sorvete pela janela, que acertou de cheio a minha testa, e escorreu pelo nariz boca e pescoço, caindo o restante no meu pé. Ouvi risos, somente eu não estava com vontade de rir, pedi carona o motorista pediu que entrasse pela porta de traz, entrei, sentei e um bêbado de pé toda hora ameaçava vomitar na minha cabeça, o ônibus lotado, não tinha como me levantar, chegou ao terminal, e o bêbado olhou para mim, proferiu mais uma vez, ”vou vomitar” descei com tanta pressa querendo me livrar daquela situação que não vi um buraco na calçada, enfiei o pé lá dentro caí e quebrei a perna. Estou uns dias em casa, lendo assistindo televisão e relembrando esses fatos engraçados e meio sem graça da minha vida, que chegam a ser uma comédia.
Polly hundson