DE MANHÃ
Ajudar a mãe na feira era uma tarefa prazerosa. Distraía-se entre um freguês e outro observando os pequenos insetos sobrevoando as muitas flores expostas em vasos, buquês, arranjos.... Sempre gostou de observar insetos, imaginando o que os norteavam, se o perfume, as cores ou sabor das flores. Essa curiosidade aguçada era percebida pela tradicional família de floricultores, que há várias gerações muito se orgulhavam de produzir as mais belas e procuradas flores da região. Uma honra para o avó em ver seu sonho perpetuado nos filhos e netos. Mas aquela menina sempre foi diferente, questionadora, curiosa. tinha anseio de novidade, outros horizontes, outro universo, embora os pais achavam que seria precoce se preocuparem, afinal não passava de uma menina.
Voltou-se ao ser abordada por um freguês, que numa súbita intimidade, colocou uma pequena flor em seus cabelos. Por um breve momento seus olhares se cruzaram, e naquela tarde ao retornarem ao pequeno Vilarejo, aquela menina já não era a mesma.