Despedida
-O que sente agora? – ela perguntou.
-Muita dor – ele respondeu e completou – mas há uma luz, em algum lugar, sei lá passamos por tantas coisas...
Lágrimas correram pelo belo rosto, de dama, branco e perfumado, mudanças existiram provocadas pelo tempo, mas ainda assim ela estava ali.
-Tem medo?
-Só de deixar você – ele disse - esse sempre foi o meu medo, ficar longe para um sempre que não conheço, não temo a morte mais que isso, eu tive sorte, pois vivi ao seu lado, construímos muitas coisas, assim, mesmo que o passado não vale mais que um centavo, guardarei onde quer que esteja depois essa moedinha como o meu último tesouro, esperando reencontrar você onde quer que esteja.
Ela sorriu.
-Sabe que não acredito em nada disso, perderei o meu amor e aqui ficarei.
-E eu estarei aqui, nas fotos, no banheiro, no cheiro do travesseiro, nas palavras idiotas, nas minhas brincadeiras, na face dos nossos filhos, nem sempre demonstrei o meu amor como deveria, nem mesmo o honrei como ele merecia, saiba que nada foi mais importante.
-Eu sei.
Ele pediu água.
-Me trás um crucifixo – ele disse.
-Nunca acreditou nessas coisas.
-De alguma forma Deus visita a nossa alma, sempre soube que ele está lá em algum lugar, que ele retira metade da minha dor, que ele me presenteou quando te encontrei – ele tossiu, a enfermeira puxou o braço dela e disse.
-Terei que chamar o médico – ela disse sem ser autoritária, era ruiva e tinha um sorriso.
Ele não falava mais, tinha as mãos firmes no crucifixo, ela não deixou de sorrir, enquanto as lágrimas corriam, sentiu um aperto no coração e ao mesmo tempo um alivio, fechou os olhos e viu o seu marido levantar e andar ate a porta, não o velho com câncer, mas o jovem que conheceu, com a face límpida e acenando para ela, mesmo de olhos fechados ela entendeu o que ele disse.
-Te amo para sempre.
-O que sente agora? – ela perguntou.
-Muita dor – ele respondeu e completou – mas há uma luz, em algum lugar, sei lá passamos por tantas coisas...
Lágrimas correram pelo belo rosto, de dama, branco e perfumado, mudanças existiram provocadas pelo tempo, mas ainda assim ela estava ali.
-Tem medo?
-Só de deixar você – ele disse - esse sempre foi o meu medo, ficar longe para um sempre que não conheço, não temo a morte mais que isso, eu tive sorte, pois vivi ao seu lado, construímos muitas coisas, assim, mesmo que o passado não vale mais que um centavo, guardarei onde quer que esteja depois essa moedinha como o meu último tesouro, esperando reencontrar você onde quer que esteja.
Ela sorriu.
-Sabe que não acredito em nada disso, perderei o meu amor e aqui ficarei.
-E eu estarei aqui, nas fotos, no banheiro, no cheiro do travesseiro, nas palavras idiotas, nas minhas brincadeiras, na face dos nossos filhos, nem sempre demonstrei o meu amor como deveria, nem mesmo o honrei como ele merecia, saiba que nada foi mais importante.
-Eu sei.
Ele pediu água.
-Me trás um crucifixo – ele disse.
-Nunca acreditou nessas coisas.
-De alguma forma Deus visita a nossa alma, sempre soube que ele está lá em algum lugar, que ele retira metade da minha dor, que ele me presenteou quando te encontrei – ele tossiu, a enfermeira puxou o braço dela e disse.
-Terei que chamar o médico – ela disse sem ser autoritária, era ruiva e tinha um sorriso.
Ele não falava mais, tinha as mãos firmes no crucifixo, ela não deixou de sorrir, enquanto as lágrimas corriam, sentiu um aperto no coração e ao mesmo tempo um alivio, fechou os olhos e viu o seu marido levantar e andar ate a porta, não o velho com câncer, mas o jovem que conheceu, com a face límpida e acenando para ela, mesmo de olhos fechados ela entendeu o que ele disse.
-Te amo para sempre.