UMA CASA ENCANTADA

Num terreno elevado, havia uma casa.

Não era uma casa qualquer, era a casa dos meus avós:

Silvano e Júlia. Era uma casa simples, rústica até,

mas lá existia um tesouro precioso: Alegria!

Quando minha mãe me concedia o direito de passar

alguns dias por lá, era o meu melhor presente!

Naquela época não havia o conforto que temos hoje, nem mesmo

luz elétrica ou água encanada, mas aquela casa me encantava pela prazerosa rotina do dia a dia. A vovó era muito organizada, distribuía bem as tarefas; mal o sol raiava, e todos já estavam nos seus postos:

os tios ordenhavam as vacas, as tias cuidavam das lidas domésticas,

os adolescentes e crianças iam buscar água no Lajedo Grande para abastecer a casa.

Eu me deliciava ao ver o sereno escorrendo das folhas das árvores

e do cheirinho da terra molhada!

De volta para casa, o odor do café coando, do requeijão e do cuscuz quentinhos, aguçavam o nosso paladar.

Lajedo Grande era duas pedras enormes embutidas, que acumulavam água de chuva, de uma estação à outra.

Foram elas que deram o nome à fazenda.

De um lado da casa, havia um depósito de grãos; na janela,

um chapéu de couro pendurado, onde os passarinhos

teciam seus ninhos; mal desconfiavam que uma menina curiosa

espionava todo aquele aquele processo de ternura e construção

até os filhotes voarem livres, sem nenhuma cobrança da zelosa mãe.

Do lado oposto da casa, havia um pequeno pomar com frutas

diversas, que delícia! Ainda sinto na boca o sabor agridoce,

principalmente das frutas "roubadas!"

Nas noites de lua cheia, os tios sentavam-se no alpendre da frente

e falavam de suas andanças, de suas conquistas. Contavam estórias

de almas penadas, de mula sem cabeça, de Lampião e Maria Bonita... Maravilhosas, as novelas dos meus tempos de criança!

Hoje, nada mais resta daquela doce realidade, tudo mudou,

mas na minha memória permanece intacta.

Lajedo Grande foi e será a minha incomparável Disney!

Compartilho este retalho de lembranças com os meus tios ainda vivos: Zizi (Basília,) que tanto me fez sorrir, à bela tia Vana (Severiana,)

ao querido tio Louro (Florentino Leal) e a (Dé,) a especial Sidelcina

Maria Leal

15/07/2014 12:39 - Antenor Rosalino

As doces lembranças ficaram incrustadas em sua memória e nos foram reveladas com sublime sentimentalidade. Parabéns, Zaque, e obrigado por nos brindar com essa preciosidade. Um abraço com a ternura e a admiração de sempre.

Para o texto: UMA CASA ENCANTADA (T4861385)

zaque
Enviado por zaque em 27/06/2014
Reeditado em 09/05/2015
Código do texto: T4861385
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