Frio.

A falta de criatividade transbordando a mente, mas a vontade de escrever era tanta que o fez mesmo sem ideia alguma, talvez haja sentido nisso...

O que confunde nossa mente normalmente é o que está sempre presente.

Aquela realidade latente.

Identidade, socialidade, personalidade, capacidade, tantos “ades”, é realmente o inferno.

Trocadilho escroto, mas verdadeiro.

Muitas vezes me pergunto o que quero fazer, pra onde ir, o que alcançar. Perguntas implantadas. Tudo tão forçado.

É como aquela trilha de dominó, uma peça derruba a outra, empurra, impulsiona, mas apenas para frente, e para baixo.

O que nos alavanca? nos acende? nos infla?

Tudo aquilo que não é plantado, tudo aquilo que é agregado, tudo aquilo que é desejado, mesmo que desconhecido. Pois até mesmo vontades são plantadas.

Por criação, por convivência, por admiração e por conveniência.

Sempre previsível.

O relógio marca mais dez minutos.

Desagradavelmente o tempo passa cada vez mais rápido.

Ainda mais nesses momentos em queremos que o tempo pare. Que o trem pare pra gente descer.

Reações fisiológicas se tornam irritantes perante a vontade da inatividade, mesmo que por pouco tempo.

Será tão difícil assim se manter estável?

Hora de arrumar a casa.

É tudo egoísmo.

Claro que a vontade é contra a obrigatoriedade. E a hipocrisia parceira da iniciativa.

Tudo produto a ociosidade.

A mente voa longe em milhões de realidades custeadas.

Plana em campos fechados.

Ônibus fretados.

Sabores elitizados.

Mais quatro minutos.

Desce aquela vizinha com os filhos, energicamente falantes, e ela, 99,8% de stress.

Pensando se tudo valeu a pena.

Seu corpo, seu tempo, sua liberdade, sua identidade, sua isso, seu aquilo. Tantas variáveis.

Possibilidades diversas. “Que coisa horrível de se pensar!”

Ideias plantadas.

Dessa vez o tempo deu uma trégua, apenas dois minutos, cujos pensamentos ficaram lhe apunhalando durante dias, até que dê à seus filhos aqueles tão desejados presentes, e sua materialista alegria se transforme em gratidão e obediência momentâneas.

Mais dois minutos.

O barulho de chuva e vento se misturam com o vazio da mente, que por instantes se esquece de tantas preocupações. Anexas a vida.

Melhor vestir um casado.

Fechar a janela.

Chega de pensar por hoje.

Daniele Barbosas
Enviado por Daniele Barbosas em 23/06/2014
Reeditado em 17/02/2016
Código do texto: T4855725
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