PASSARINHO NÃO, MAS O CAVALO...!

PASSARINHO NÃO, MAS O CAVALO...!

A família de Mário Nakano, nissei morador de São Bernardo do Campo, veio para o Brasil logo após a chegada dos primeiros imigrantes do Kasatu Maru.

Foram para o interior de São Paulo, levados pela propaganda, no Japão, de que havia, nesse Estado no Brasil, uma plantação com o mesmo valor do ouro: o café. Mais tarde, vieram para a capital. Um tio, sabendo que a família não se adaptava à cidade, vivia dizendo por que não morar em São Bernardo do Campo, pois havia, ali, uma cooperativa de agricultores, e lá estariam bem acomodados. Tanto fez, que o pai do Mário mudou-se para o Bairro Cooperativa, na zona rural daquele município.

Abro parêntesis na história, para dizer quem foi Mário Nakano. Não muito ligado às atividades de agricultor, ele desejava estudar. Com esforço percorreu todos os caminhos da atividade escolar, culminando com o curso de biologia na USP. Foi, por muitos anos, biólogo do Instituto Biológico da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, e renomado pesquisador, na área de criação de aves, de fama mundial. Ele nos contou a história, agora relatada, no encontro do Grupo de Memorialistas de São Bernardo do Campo, que se reúne, mensalmente.

Pois bem. Voltando, a família se estabeleceu em uma chácara, onde o pai

começou exercer a atividade de agricultor, plantando legumes, verduras, criando galinhas. Em determinado dia da semana, o velho Nakano, com sua carroça, seguia para a cidade, onde se realizava uma feira de produtos agrícolas. Ali vendia sua produção, que era o sustento da família.

Essa rotina se dava e permaneceu por muito tempo, anos até. O velho Nakano, com sua carroça, e seu cavalo...! No caminho sempre paravam numa vendinha, dessas de beira de estrada, para um pequeno descanso, e saciar a sede. E, como diz o velho ditado, o uso constante do cachimbo deixa a boca torta, de tanto fazer o mesmo trajeto repetidas vezes, o animal se acostumou, parava sem precisar da ajuda do carroceiro. Seu Nakano descia, tomava seu copo de cerveja. De posse da garrafa ia até o cavalo, que já acostumado, abria a boca de lado e sorvia o líquido restante, com toda satisfação.

Na volta para casa, a mesma parada, e mais uma cerveja. E, seguiam os dois bem felizes!

Dizem que passarinho não bebe, mas cavalo...!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 23/06/2014
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