Na cama com o poeta

Abri a porta devagar, já estava sobre o colchão, olhei curioso, apalpei devagar, alisei um pouco mais, enfiando a mão entre o tecido que envolvia...

Suspirei, não sei se ia conseguir, já havia tentado, afinal sou um homem e homens, a partir de uma certa idade, têm problemas, bem que eu não tenho sentido nada, mas tinha sim um receio de falhar na hora H.

Criei coragem e comecei, tirei tudo que envolvia, deixei cair devagar, estendendo sobre a cama, medi mais ou menos o tamanho, uma dobra de cada vez, senti o perfume, tudo novo, parecia virgem, tinha cheiro de virgem, confesso que não estava bem, precisava de um drink, para me dar apoio, estas coisas temos que um dia enfrentar, eu e minha coragem de homem, afinal tinha que mostrar que sou capaz apesar da minha idade.

Respirei fundo, depois do wisky, arrastei devagar sobre o colchão liso, parecia estar me provocando, fui devagar, rodei os quatros cantos da cama, como que reconhecendo o território, verifiquei suas beiradas lisinhas, sem pêlos grossos, de uma textura implacavelmente suave, excitava quando passava as mãos, alisei, alisei muito, forcei um pouco, tentando esticar sobre toda a cama.

Arranquei a camisa sem abrir os botões, estava nervoso, descontrolado, não conseguia controlar nem ao menos minha respiração, mas fui em frente, mesmo com o risco de falhar na hora H, tinha que confiar na minha força, no meu jeito, afinal minha vida inteira foi sobre uma cama, era ali que fazia amor, demonstrava meus desejos, meu tesão, minhas vontades de poeta, aquele que sabe fazer uma mulher feliz, e agora? Não poderia falhar, não agora nesta altura da vida!

Continuei, já sem fôlego, sabia que ia conseguir, estiquei sob meu corpo, devagar encaixei em sua beirada, firme, ajudei com meus dedos, parecia ilógico, mas ajudei enfiando meus dedos bem firmes, ah... assim mesmo, estava dando certo e continuei, rolei sobre o colchão, levando de lá pra cá, esticando, alisando suas dobras, estava manchando um pouco com o meu suor, mas não importava, agora precisava terminar, tinha que ir até o fim, comecei a relaxar, tudo estava dentro do que eu desejava, continuei enfiando devagar, depois um pouco mais rápido, até

que vi que não estava encaixando certo, retirei e na euforia enfiei de uma vez e encaixou perfeitamente. Pronto! Alisei sobre toda a cama, o suor escorria sobre meu peito, meus dedos estavam doloridos, minhas mãos, meu fôlego rápido, respirava ofegante... consegui, finalmente, virgem ou não, sucesso...

Quer saber? Deu um trabalhão!

Depois desta nunca mais compro lençol com elástico...

07/09/2005

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 07/09/2005
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