Raul era o mais experiente funcionário de um escritório contábil na Avenida Paulista. Estava com 52 anos, havia separado de sua esposa há dez e mantinha contato regular com seu filho, Armando, também contador. Naquele dia acordara cedo, fizera a barba e tomado café na padaria da rua em que morava na Vila Madalena. Após o almoço Cidinha, uma  das secretárias de sua empresa trouxe-lhe uma surpresa: - Raul, você ganhou a rifa da bicicleta com 21 marchas. Imediatamente pensou em Pedrinho, seu enteado  e filho de Mari, sua namorada de 36 anos. O  garoto de 14  anos, vivia  pedindo à mãe uma bicicleta. Resolveu então que ao fim do expediente montaria na mesma e iria à casa de Mari presentear Pedrinho.          
         Às dezoito horas partiu em direção à casa de Mari na Rua Iraci. Estava muito feliz! Afinal, iria levar felicidade ao enteado nesse dia. No cruzamento desta com a Avenida Faria Lima, para junto ao sinal, seu joelho dói. Quando sente algo lhe tocar o flanco:
- Aí tio, larga a magrela e nem olha pra trás.
Ao ouvir aquela voz franzina pensou: - Deve ser um moleque querendo me assustar. Vira violentamente o braço pra trás sem olhar, tentando afasta-lo. Quando um estampido mistura-se à algazarra de buzinas e pedestres, estabelecida no caos do trânsito durante o rush. Seu corpo então, caí ensanguentado.
        No dia seguinte, Armando liga para o escritório do pai. Do outro lado da linha, Cidinha nitidamente entristecida, diz: - Armando, seu pai era uma pessoa muito querida aqui entre nós. Estou sem palavras, lamento muitíssimo! Armando decide ir comprar uma bicicleta para atender o desejo do pai.


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