ERA UMA VEZ...

Como nos filmes, como nas histórias contadas para dormir ou como algum tipo de aconselhamento. O fim de tudo é sempre o inicio do mesmo. Dito-me aqui por decreto a dizer, que por mais que enfeitamos nossas fantasias, nossos sonhos ou nossa realidade, haverá sempre uma incerteza sobre cada passo dado, com medo ou por falta de opção.

Então, pro fim ou pra começar, iniciamos sempre nossa velhas e erradicadas histórias com um "era uma vez", Deixando um certo mistério de conto em relação ao fator do mito, ao simplesmente uma forma indireta de contar nossa própria história.

Era uma tarde vazia, como todas as outras (irrelevante tal detalhe) o mesmo dia: levantar, tomar café, deitar, levantar, sair no frio, andar e andar sem destino, sentar em algum lugar alto, apreciar o final de um entardecer, voltar para casa, tomar banho, jantar e dormir. E assim, todos os dias consecutivos, a mesma coisa. Mas para não dizer que minha vida é uma verdadeira página abstrata preto e branco, existiu um momento colorido, um garota.

Não sei ao certo qual era o objetivo do destino com ela em minha vida, mas sempre fui de evitar essas coisas mal interrogadas pois sempre me trouxeram decepções. Pela primeira vez, não pude me defender, não pude consentir-me a questão: ela deve ser igual a todas as outras, será?

Saímos, nos encontramos, mas, depois de um tempo vi que ela ficara estranha, evitava-me, diálogos curtos e bem breves. Me deixava falando sozinho enquanto o olhar fixo e em outro lugar a desligava do momento. Percebi que o mesmo acontecia, trazendo a tona, o pesadelo que eu desisti de tentar esquecer e por resultado, consegui. Logo nos dias seguintes, como muito medo,ousei interroga-la de forma inconsequente e levemente imoral, se ela estava bem, mas como já esperado, "estou sim". Então perguntei outra vez: e entre nós, está tudo bem? com as veias da cabeça saltando de nervosismo, o coração quase por parado de tão rápido que batia, ela me com uma resposta meio ensaiada, porém altamente consentida: eu não sei!

Com isso seguiu-se um sofrimento calado dentro de mim. Depois de uns 3 ou 4 dias, liguei para ela sem avisar, criei coragem e perguntei o que está acontecendo e relativamente me vem com suspiros de quem não sabe nem o próprio nome, me dizendo: "Eu não sei o que estou sentindo, está tudo muito confuso, eu sou muito ocupada e você não, e quase não temos tempos de nos ver, não quero que isso caia na rotina. Se você fosse de mais atitude..." Bom, ja deu pra entender que a falta de cerimonia para cuspir em mim deste jeito em relação a que não trabalho (pelo simples motivo de estar em fase de exército) foi uma total covardia.

Por um momento ocorreu-me um sentimento de fúria porque ela disse que não tive atitude, mas deve ter se esquecido de quantas vezes, perguntei quando ela estará disponível, quantas vezes tentei marcar um dia para nos encontramos, quantas vezes deixei uma mensagem para ela, quantas vezes desmarquei tudo que eu tinha para aumentar as chances de depois de uns 14 dias, poder vê-la novamente. Bom percebi então que todo meu sacrifício para fazer dar certo para ela foi tudo em vão, foi apenas "mais um carinha ai"

E por fim, concretizei aqui, minhas teorias, e com elas construí a certeza de que ela era realmente diferente de todas as outras, e por ser tão diferente, se tornou a pior, pois nenhuma jamais ousou em brincar comigo deste jeito, ao menos falava na minha cara que não daria certo e ja era, sumia da minha vida. Mas ela, sempre foi relevante em meus dias, acostumei-me com o sorriso dela. Agora só me resta continuar, não sei porque luto, nem em que guera estou, muito menos onde estou indo ou porque ainda permaneço aqui. Mas o que sempre desejamos nesta vida não é encontrar um lugar certo, um lugar onde ir e com quem ir, mas sim encontrar um motivo que justifique o porque fomos, o porque ficamos. E assim, ter finalmente a resposta de porque permanecemos, e porque sempre lutamos.

E por isso sempre haverá asfalto suficiente para caminhar, e encontrar a resposta para o nosso porque.

Era uma vez...