LÁGRIMAS PINK

Despontava mais uma manhã outonal, e elas estavam lindas!

Ainda não havia me dado conta de que quase seis anos haviam rodado , tempo suficiente para que todas crescessem e atapetassem sazonalmente o asfalto esburacado, vítima das betoneiras do progresso.

Embiquei o carro para fora da garagem, e tive um ímpeto de carregá-lo nas mãos, para que não machucasse o espetáculo que se apresentava no solo, sob meus olhos maravilhados...

Eu as pude enxergar sob a neblina densa, aonde um termômetro da esquina marcava dez graus.

A aquarela era indescritível.

Altaneiras, partiam de ambos os lados das calçadas e se abraçavam como íntimas amigas, através de suas copas suspensas na nevoa.

Passei vagarosamente sob o bosque, e naquele abraço também pude sentir o suave lamento das suas folhas e flores que farfalhavam pela brisa.

De repente um vento mais forte...e elas se puseram a lacrimejar , igualmente a nós...que tantas vezes lacrimejamos em silêncio, sob um maquiado sorriso...

Uma chuva de flores desceu sobre meu pensamento, e passei a flutuar num tapete cor de rosa!

Um tapete de lágrimas pink!

Foi ali que entendi, que a tristeza, além da beleza fria... também tem cor.