Vermelho sangue
                Setembro, Sandra sempre se lembrava daquele setembro há dois anos quando saiu da cadeia, aqueles foram seis anos fechada, quase morreu de tuberculose, lá estudou fez o segundo grau e tinha o seu canto, era pouco , mas era seu, um vidro de creme para o cabelo e um perfume, seus carretos chegavam, passou por tudo com naturalidade, quando estava para sair para o semiaberto deram uma batita e pegaram o chip.
                Muitos dias se passaram, quando criança queria fazer um book, sonhadora, não tinha dinheiro, foi abandonada pelos pais, criada pelos avós, a mãe desprezava e o pai vivia bêbado, nunca conseguiu o seu sonho, na cadeia conseguiu ganhar um concurso de beleza, porém era temperamental, bateu na menina e foi para o esquema fechado, perdeu tudo.
                Jose Marcos bufou e terminou a conversa tirando Sandra dos seus devaneios.
                -A historia toda é essa, foi desse jeito que aconteceu, juro pelo que há de mais sagrado.
                -Não brinca, parece uma historia de cinema, repete – disse Sandra.
               -Mais pura verdade– Marcos esfregou o suor, espesso  e pesado  que escorria de sua face gorda e inchada de coloração vermelha, na ultima semana teve um tenebroso sangramento pelo nariz, parecia um filme de terror tanto sangue, cada dia a sua saúde ficava pior.
               A verdade é que estava nervoso, por isso agora  o suor cobria os olhos pequenos ,feios , redondos como uma mascara circular a sua face  não combinava com aqueles olhos miúdos e fechados, ele não tinha queixo, enxugou a testa mais uma vez e disse:
               - Uma senhora  esqueceu essa mala no meu taxi,bem velha, com cara de doida, pulseiras e coisas no braço, vestido caro e um perfume forte, uma senhora germânica, pelo menos falava com sotaque alemão, ela disse para mim que tinha noventa e quatro anos, aparentava  até mais - ele fez uma pausa para respirar - , quando vi o que estava dentro da bolsa   fiquei doido, é muita grana!
               -Por que não me contou?
               Marcos parecia não ter argumentos.
               -Acho dei uma enrolada  para falar pra você, sei que  é evangélica, e teve toda essa mudança de comportamento quando encontrou Cristo, sua mudança de vida, sua entrega a Cristo, tudo  que depois da morte do seu filho ganhou um significado – ele engasgou com as palavras -  você ficou mais sensível sobre essas coisas...
                   -Que coisas? – Perguntou Sandra.
                -Sei lá? Honestidade, tá  na bíblia, nas palavras, hoje eu sei que é uma mulher religiosas– ele esfregou uma mão na outra – mas a vida é o que é, nossa grande chance talvez seja o azar de alguém.
               -Não vê que pote ter sido ELE  que conduziu essa dádiva, para que pudéssemos usar esse dinheiro para repara corretamente o mal feito na guerra?
               Marcos balançou a cabeça afirmativamente, mas estava confuso, havia o seu pai...
                Sandra deu dois passos para frente e viu todas aquelas notas de cem, por dentro não tinha mais nada da prostituta do calçadão, de mulher da vida,porém todo  aquele dinheiro mexeu com ela, tudo na vida tem algum preço e a felicidade nessa vida pode custar muito caro, valer milhões, a máxima que escutava na padaria:” nenhum rico é humilhado”, ela respirou fundo, tinha lagrimas nos olhos e alguma coisa doeu em seu peito de tanta felicidade, na sua alma, na tristeza da sua vida, tudo que teve até aquele dia foi bruto, muitas vezes pensou que a felicidade nunca bateria a sua porta.
                -Foi Jesus, foi o Cristo que me presenteou , não tá vendo Jose Marcos – ela parecia radiante – agora podemos tratar o seu pai, comprar uma casa e viver a vida de felicidade que faltava, comer , viajar o céu está esperando a gente.
                -Jose Marcos balançou a cabeça, mas tinha que falar com seu pai, ele foi um homem bom toda a vida podia não aprovar...
                Sandra beijou o namorado com força.
A vida havia mudado  depois daquele encontro com encontro Marcos no  bar achou que seria mais um na sua vida. Quando olhou para o taxista gordo pensou que seria mais  um com cem reais sobrando para ter um pedaço do tempo e do corpo dela.
               Ela precisava muito do dinheiro para que ela pudesse comer, dormir em algum lugar cheiroso e quem sabe comprar cocaína, naquela época fazia programas e Marcos seria o seu terceiro freguês do dia.
Passou a mão no dinheiro e pensou:
               ”Putz, caralho”, sentiu o gosto da cocaína na boca na hora, a sensação inebriante de  uma vida estéril  que foi  regada a maconha, cigarros, cachaça e muito sexo, sem nada de realmente bom, de gostoso que o dinheiro proporcinava( ou era essa vida atual, comendo e bebendo com esse gordo feio e seu  sexo ofegante?).Sandra sempre foi louca, sem pai, nem mãe e sem esperança, mesmo quando saiu daquela porcaria de interior na Bahia ela imaginou que teria uma vida diferente, tudo muito louco na cidade grande e desde que deixou a Bahia com o filho Humberto.
               -Se seu filho tivesse vivo – disse Jose Marcos apontando para o dinheiro – poderíamos...-ele não conseguiu falar, deu um nó na garganta.
               -Quero olhar pra frente – disse ela, porém lembrou-se do filho.
               Sandra lembrava como se fosse agora, um dia maldito de chuva, ela morava em um barraco com uma goteira, foi então um dia o menino pegou uma gripe, ela tentava uma vida honesta, em uma padaria , o dono padaria gentil, mas quando pediu um dinheiro extra ele tirou a roupa e mostrou a barriga mole e disse :”você faz uma coisa pra mim que eu faço uma coisa para você”, ela fez, ele deu a ela malditos vinte reais, daquele dia em diante começou a cobrar mais, porém , a gripe matou o menino, dois dias depois estava no cachão, sem assistência médica, sem nada, viu o filho morrer de pneumonia na porta dos hospitais, ninguém para ajudar, ninguém para acolher só a selva de pedra e sangue, naquela época ela quase enlouqueceu.
               Dois anos fazendo programas comprou uma casa pequena  na periferia e um dia conheceu o taxista, gordo, feio, porém muito gentil, tinha mão finas, olhar perdido de gente sonhadora e uma vontade de falar o tempo todo que deixava Sandra maravilhada, queria ficar com ele, queria viver com alguém, não aguentava a vida nas ruas, além do mais, havia sofrido com algumas doenças e já estava muito feia para os programas caros, sua pele estava manchada e sua face estava carcomida pelas marcas da sífilis.
               -Quer morar comigo – ele perguntou.
               -Quero – ela disse.
               -Quero que conheça o meu pai – ele disse.
               Foi a pior parte, pai feio e com feridas pelo corpo, professor de historia, vivia citando gente morta como se essas pessoas fossem as donas da verdade, ela ficou vendo Jose Marcos limpar a ferida da bunda do pai, parecia que tinha bicho lá dentro, eles haviam arrancado as duas pernas dele e o saco, além disso o velho era não enxergava por conta do diabetes, as cordas vocais tinham sido operadas e para escutar o velho falar com a rouquidão enfadonha e fantasmagórica.
                    Sempre a pior parte era quando Jose Marcos visitava o pai.
Naquela época não tinha alternativa.
                    O  taxista foi uma salvação eventual, dessas que aparece na vida e sem motiv    o invade as vida das mulheres,Sandra sentiu  que ele era a pessoas, pois sempre falava do pai, de como respeitava o velho professor de historia, sua honra, de como aquele senhor lutou para criar  o único filho sozinho .
                    Ela beijou o namorado novamente e falou.
                    -Lembra-se do primeiro encontro e que disse que você me trazia sorte?
                    -Lembro – ele sorriu.
                  Marcaram um encontro e Sandra foi de  vestido vermelho o preferido de Marcos, um saída de verdade, ele prometeu sem sexo, apenas um jantar, com vinho e uma conversa agradável, tudo que ela sempre sonhou de um encontro, ele estava lá de terno, meio apertado e cafona, com rosas vermelhas, uma visão que nunca mais saiu da cabeça da Sandra, até parecia bonito, uma beleza que não se encontra nas esquinas nos bares e nem ao redor de putas e drogas, uma beleza distinta de família de gente que vive vida de verdade, ela amou tudo.
                Marcos era tudo que procurava em um homem, trabalhador, tinha uma forma de ternura de falar com ela, um jeito assim que ele nem entendia direito, que mesmo sabendo de onde ela vinha a tratava com cordialidade, logo foram morar juntos na casa do pai de Marcos, ela alugou a sua casa e trabalhava e voltou a trabalhar em padarias, com donos menos safados.Até aquele dia havia passado uns cinco anos de uma vida muito boa, na pobreza, porém de  uma alegria que Sandra nunca sentiu em sua vida.Marcos, muito triste, tentava fazer da vida dela o melhor, mesmo com o pai doente. Ao lado do marido ela fingia o tempo todo, uma vida trocada, uma personagem que invadia o seu eu verdadeiro, destrutivo, purificado atrás da vida ligada as drogas e a prostituição, muitas vezes tinha saudade de certos luxos, da felicidade emprestada pela química das drogas, do lado de Marcos consumia o seu passado e  assim podia ser um pouco outra pessoa, uma pessoa honrada.
                Entrou para a igreja em 1994, aquilo foi um marco moral, queria deixar tudo para trás, uma vida inteira de vergonhas, a igreja dizia que o passado seria apagado, mas o passado sempre estava ali, o padrasto, o patrão bolinador, a morte do filho, ela carregava tudo como se fosse um fardo;
                -Quanto tem dentro da sacola Marcos? – ela disse baixo e com lagrimas nos olhos – é muito não é?
                -Um bocado... – ele engoliu em seco.
                -O que uma senhora estava fazendo com esse dinheiro todo na rua? – perguntou Sandra.
                -Ela não falou do dinheiro, velha desconfiada, porém me contou uma historia atravessada – ele olhou de lado para a mala e apontou –uma historia de cinema, que o marido dela um centenária Alemão havia morrido no ano passado e que ele foi soldado de Hitler, ela foi sequestrada em vitoria em 1941 e levada para Alemanha por nazista brasileiros, foi criada por pais alemães e casou-se aos dezesseis anos com o facínora, passou sessenta e um anos casa dom ele, disse que teve uma vida boa,Quando o nazismo foi derrotado alguns dos nomes do escalão intermediário do partido migraram para a America do sul, assim o seu  marido escolheu a cidade de  Vitoria e comprou um apartamento de luxo, ele disse que após a morte dele resolveu vender esse apartamento e distribuir o dinheiro aos pobres.
                -Ela disse isso? – Sandra estava cada vez mais interessada na historia- que pobre?.
                -Disse também que estava com câncer e que em breve morreria.
                -Não teve filhos?Não tem herdeiros?
                -Não, ela ia dar toda essa grana para pobreza, assim do nada, como uma espécie de compensação !Pode imaginar?– ele sentou na cadeira – eu perguntei para ele isso, ela disse que o Alemão havia sido ferido em um combate na virilha e o tiro atravesso a coxa e o saco dele, depois disso soube que não teria filhos.
                -Ela.... simplesmente  - Sandra engasgou e com um suspiro continuou  - esqueceu a maleta mais importante da vida dela, o que ia redimir os seus pecados diante de Deus? – perguntou Sandra com a desconfiança peculiar as mulheres.
                Marcos fez uma pausa e pegou um copo de água.
                -Ela estava esquecendo tudo, às vezes me contava a historia duas ou três vezes e às vezes me chamava de Rodolfo, porra sei lá quem é Rodolfo, ela me alisava a cabeça e me olhava com aqueles olhos medonhos de velha que estava para morrer, parecia perdida entre o passado e o presente, como alguém que tem a doença da mente, aquela....
                -Alzheimer.
                -Esta merda mesmo, eu  tenho certeza que ela tinha Alzheimer – disse Marcos.
                -Onde ela pretendia levar a felicidade?
                -Morro, para as favelas, mas bem no meio do caminho ela parou e desceu do taxi, disse que preferia ir a pé, tirou uma nota de cem reais, eu estava no telefone atendendo outro  chamado até então achava aquela velha meio louca e queria deixar em qualquer lugar, só me virei peguei a grana e agradeci.
                Sandra revirou a maleta.
                -Se essa mulher morreu, sem herdeiro? Você acha que a grana dela pode ser nossa, que não vem ninguém atrás, ultima coisa que eu queria nessa altura do campeonato é morrer na praia.
                Marcos passou a mão na testa suada e balançou a cabeça negativamente várias vezes.
                -É o governo que fica com essa merda toda – disse Marcos e continuou – não estou disposto a dar essa grana de mão beijada parara o governo, bando de político filho da puta..
                -Políticos corruptos! – disse Sandra – nós pessoas honesta que merecemos, nossos sonhos estão sobre essa mesa bem aqui – Marcos não se surpreendeu com o brilho nos olhos daquela mulher, todas as questões sucumbem a fortuna já dizia Homero.
                -Vim falar com você porque que decidir tudo junto com você, junto com meu pai – ele parou e respirou fundo, ela acrescentou;
                -Sem achei que viver com você foi uma coisa acertada Marcos, você é um homem bom pensa no seu pai, em mim , acho que se isso veio parar na nossa casa, no nosso lar é porque o nosso grande Deus quis, essa senhora, que Deus a tenha em bom lugar, alguma forma fez o bem.
                Marcos parou perto da porta, olhou pela vidraça da pequena janela e viu um mundo conturbado, pobre, cinza, sua cabeça fervilhava e suas duvidas ficavam transparentes, ele queria falar sobre o pai.Um professor de matemática aposentado, diabético e que tinha um das pernas amputadas e ficou sem a visão, porém mantinha um lisura moral que invejava juízes da suprema corte, sua ética era sentimental, sua moral um triunfo, alguma reencarnação de Sócrates , parte de um universo onde a moral é um triunfo e um gozo, ele jamais aceitaria aquela situação.
                -Meu pai... – pensou alto Marcos.
                -O que tem?  - falou secamente Sandra que já considerava o velho um peso morto na vida do Namorado.
                -Ele não vai aceitar, meu pai é aquele homem que a moral brota do coração, é o triunfo dele, nunca ficou devendo um centavo, nunca quebrou a palavras, ele disse que tem orgulho de mim, pois me tornei um trabalhador. – disse sentando-se à mesa.
                -Não conta pra ele. – disse Sandra – que se foda.
                -Quero que ele aceite o tratamento pago, assim só falando para ele, hoje à noite vou falar com ele, Sandra, eu preciso, devo isso a ele – disse Marcos.
                Sandra sentou no colo do namorado, podia sentir o suor e o fedor de urina que vinha da calça, a careca e a papada fechava a aparência comum do taxista, um conjunto que ela naquele momento já odiava, queria pegar a sua parte do dinheiro e viver uma vida longe daquela miséria e recuperar o que restava da sua beleza, por isso suplicou.
                -Não conta para ele – disse Sandra – assim podemos inventar a nossa historia.
                Marcos concordou, seria perigoso demais contar para o pai sobre o dinheiro, a vida do velho sempre foi dedicada a educação e a honestidade.
                -Vou contar – ele empurrou a mulher para se levantar – como você disse, que se foda.
                A noite foi agitada para os dois, mas não conseguiram conter a vontade de comprar as coisas, relógios, aparelhos celulares, tabletes e uma comida gostosa, depois chegaram com um presente para o velho, uma camisa e computador adaptado para cegos.
                -Que é isso – disse o velho deitado na cama com a escara de vinte centímetros  na região cóccix, equanto Marcos limpava com iodo.
                -Um presente.
                -Isso custa caro....Onde conseguiram o dinheiro?
                Marcos contou a historia, o velho ouvia e balançava  o pescoço em negativas e gritava.
                -Ficou louco é dinheiro de uma senhora que faria a caridade para uma centena de pessoas, você vai devolver, anuncia no rádio TV e devolve o dinheiro – disse o velho.
                -Não vou  devolver– disse Marcos e apertou com força a ferida – não vê que é a nossa chance de ter uma vida pai?
                -Não foi isso que te ensinei – disse o velho – um homem honesto já venceu..
                -Sócrates – gritou Marcos – ninguém sabe se ele existiu .
                -Sabe o que é isso Marcos? – disse o velho gritando – é influencia de puta, você foi casar com uma mulher da vida.Uma puta.Agora quer se tornar rico como um ladrão, com dinheiro que não ganhou.
                -Pai, sua vida é uma explicação de como é o mundo, minha mãe te deixou, nunca melhorou de emprego e nunca ariscou fazer o que gostava, mas comia bebia e fumava, onde veio parar?Cego e paralitico, dependente antes dos setenta anos. Eu e Sandra vamos ficar com o dinheiro.
                -Vou ligar para policia – disse o velho.
                Marcos saiu e fechou a porta.
                Sandra do lado de fora ouvia tudo.
                -Disse para você não falar  - e foi até a cozinha pegou uma faca – ele me odeia, vamos acabar com o sofrimento dele agora e dividir a grana.
                -O que você vai fazer com isso?
                -Vou acabar com tudo agora, ele não vai tirar isso de mim, você sabe que ele vai se arrastar até o telefone, vai gritar pela parede , até conseguir telefonar para a policia, seu pai sempre quis o seu fracasso, você não percebeu não é Marcos?
                -Percebi o que?
                -Teu pai é um baita de veado.
                -Não – ele tentou tirar a faca da mão dela, mas a mulher mais magra e ágil se desvencilhou e fez um corte profundo no pescoço de Marcos, que caiu segurando o sangue que jorrava da carótida, estava atordoado, a visão turva, lembrou  que na gaveta da sala tinha um trinta e oito, taxista tem que ter uma arma. Seu pai não era veado, ele sentiu desmoronar tudo  que  amava  e de tudo o seu o pai  significava, arrastando , mas rápido que pode pegou a arma e viu Sandra cuspir no chão e depois correr em direção do quarto do velho, porém não chegou a abrir a porta o tiro acertou na nuca e ela caiu sem vida.
                Ele ouviu os gritos do pai por quatro horas seguidas, mas a falta de forças impedia que andasse mais um metro, o sangue escorria com muita velocidade, ele sabia que em poucas horas estariam mortos e que se alguém não chegasse em 24 horas o velho também morreria, mas não havia ninguém para chegar, depois de algum tempo sentiu que a temperatura do corpo diminuía, viu um vermelho no chão e um luz forte, no seu corpo uma sensação gostosa de sono.
                Dois dias depois, quando o fedor do apartamento era insuportável, uma denuncia anônima levou a policia ao local, então  dois investigadores arrobaram a porta do apartamento.
                -Três pessoas mortas?Caralho, teve um ponto de discórdia aqui, um sangrou até morrer, a outra tomou um tiro na cabeça, o velho lá dentro apodreceu– disse o investigador que parecia o mais velho  e mostrou uma sacola – cheia de dinheiro, é da velha degolada ,a mulher do alemão, do filha da puta do nazista, dizem que picaram ela, cortaram pés e braços, colocaram nessa caixa de sapato e saíram enterrando em partes pela cidade – ele suspirou e ao olhar dentro da mala – é o dinheiro fazendo suas vítimas.
                -É – Disse o outro –  e o velho no quarto?
                O investigador mais novo colocou os óculos escuros, acostumado a ver as piores coisas na policia, o homem havia apodrecido, sem água nem comida trancado no quarto morreu de inanição, com a boca aberta e do lado dele tinha uma carta.
                -Eles iam ficar com o dinheiro, o homem sem pernas  tava com vontade de virar madre Tereza e dedar todo mundo, em prol da moral e dos bons costumes.Burro do caralho, pois  quem não ficaria com o dinheiro dos filhos da puta dos nazistas – eles sorriam – agente é que não vai entrar em uma discórdia dessas? – disse o mais experiente, o mais novo deu de ombros sorrindo.
                -Eu não vi nenhum bilhete – disse o mais novo.
                -Nem uma mala de dinheiro.
                -Vamos  voltar para delegacia e continuar procurando o assassino da velha, temos um monte de papelada para preencher, afinal essa região é assim mesmo, taxista casado com puta dá é nisso.
O mais novo sorriu e jogou a maleta de dinheiro no banco de trás do carro..
               
 
JJ DE SOUZA
Enviado por JJ DE SOUZA em 28/05/2014
Código do texto: T4823182
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