OS PATINHOS DO PARQUE
Durante a outra Copa, a de 2010, o menino que gostava de jogar bola, mas não estava disposto a assistir os jogos na televisão, aproveita para ir ao parque, louco para derrubar pelo menos um dos patinhos, ms já sem fichas ficou só assistindo.
Lá vem três barbados e uma não barbada. Discutem quem irá atirar primeiro e qual dos patinhos será a vítima. O escolhido é o mais rechochudo e o primeiro atirar é o cegueta, óculos fundo de garrafa.
Pimba e erra, assim passam todos e nada. O garoto está quase arrancando a espingarda de pressão das mãos deles, mas não tem coragem, a cada errada ele dá um sorriso, então o mais velho se enfurece, fecha a cara e passa a mão na espingarda dizendo para o patinho que iria acertá-lo.
Pimba, erra também, todos se olham e parece que o tiro acertou a própria boca, pois o velho carrancudo ficou muito beiçudo. Recarregam as fichas seis vezes e nada. Viram as costas e se afastam resmungando, gruindo, gemendo, enfim sofrendo por terem achado que o rechochudo era um pato, mas na verdade ele muito esperto e ganhou todas.
O menino fica sem entender porque tanta fúria.
Escondido num cantinho o espírito que habita o parque, sorri baixinho e diz: parques são para crianças puras e sem mágoas, os adultos só podem brincar onde não possam extravasar ira e ódio deviam ter andado de montanha russa.