Conversa com Dilma Rousseff, tête à tête

Dilma Roussef, hoje acordei preocupada. O dia será cheio quanto às aulas que devo ministrar. Crônica! Explicar aos alunos como enxergar a realidade cotidiana de uma maneira pessoal, reinventada, lírica, cômica, trágica – assim como a nossa! Depois , uma palestra sobre a mulher brasileira e a sua condição de elemento potencial de agressão física violenta.

Dilma Roussef, estou lutando há anos como professora para tornar meus alunos jovens conscientes da sua realidade, participativos, politizados, mas esta tarefa apresenta-se árdua demais – meus argumentos são como folhas ao vento, pois não tenho referências no meu país para transmitir-lhes. O que se vê é uma desordem em todos os sentidos. Não há um setor da vida nacional que funcione de modo satisfatório. Saúde, educação, transporte – viu a situação hoje de manhã? – segurança, quer mais?

Dilma Roussef, que estranha força é essa que os faz enxergar a roubalheira, as falcatruas, as enganações, as mentiras, como virtudes? Que estranha força é essa que os leva a pensar que somos uma raça inferior que não é capaz de discernir o certo do errado? Que estranha força é essa que os impele a um individualismo grotesco, desumano, que a tudo atropela, destrói e aniquila em nome de uma verdade que não é a do povo brasileiro?

Dilma Rousseff, o Brasil é tão especial. Todos sabem disso. Temos tudo e muito mais que o ser humano precisa para tentar viver com dignidade. Por que essa realidade é negada aos quase 200 milhões de brasileiros?Porque a alguns é dada!!!!! Por que a depredação? Por que as máscaras? Não seria muito mais fácil o reverso dessa medalha?

Dilma Rousseff, roubaram a alegria do brasileiro; roubaram a cordialidade; roubaram a manha sutil do brasileiro, roubaram as cores... roubaram as expectativas... substituíram tudo isso por um punhado de atos desarticulados que alguns poucos, tais como solitários D. Quixotes tentam vencer nesse mar de incoerências.

Dilma Roussef, eu gostaria que meus alunos, nessa manhã de aulas preparatórias para a universidade, pudessem criar crônicas sobre a vida brasileira cotidiana, mas que pudessem fazê-lo tendo como espelho uma sociedade democrática, justa, honesta. Que a reinvenção resgatasse o tempo perdido, em que o riso era farto, a esperança ainda persistia, o orgulho inflava corações. Mas hoje o que realmente espero é que as crônicas relatem a atual realidade brasileira como uma era que devemos extinguir e esquecer, posto que finda!

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 21/05/2014
Reeditado em 21/05/2014
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