"Pai e filhos, amigos de verdade"
Ontem à noite eu estava dentro de um trem à caminha da Sé e um pai jovem com seu pequeno filho entrou na estação seguinte, creio que o menino teria uns cinco anos de idade. Os dois brincavam no pouco espaço que havia no interior do trem, o pequeno menino sorria, pulava, o pai incentivava o menino a se divertir em sua companhia. Não demorou muito, a alegria dos dois começava a incomodar alguns viajantes que estavam próximo dos dois. Uma senhora que estava do meu lado, olhou para mim, e retirou o fone do ouvido e com ar de autoridade comentou; - na minha época os filhos respeitavam os pais, se não apanhavam, eles os entendiam com um simples olhar, agora, olha só isso, um menininho peralta e um pai sem juízo incomodam o sossego dos passageiros, é um absurdo, não é verdade? Indagou-me a senhora de cabelos grisalhos. Sem titubear, respondi à senhora irritada com estas palavras; - senhora, os filhos do passado entendiam seus pais com um simples olhar, porque eram com aqueles olhares que os pais espancavam seus filhos iguinorantemente em demonstração de respeito aos mais velhos. Nos dias de hoje, não deveriam ser a alegria exagerada de uma criança na companhia de um pai, o motivo de nos irritar, mas sim, o absurdo de centenas de jovens que se perdem a cada minuto, a cada hora nas drogas, no mundo do crime. E daí? Como eu posso acreditar que surras educam alguém, os presídios estão cheios de homens violentos, amantes de uma bela surra, porque este sistema não reintegra homens de bem na sociedade? Isso que a senhora esta vendo, é amor, amizade de um pai que com certeza recebeu o mesmo trato, portanto, não se irrite com o sorriso de uma criança, mas chora com as mães que perdem seus filhos para um mundo doente, governado por homens amantes de si próprios e que criam leis para favorecer a criminalidade desordenada.