A despedida no portão
Era simples, mas tão envolvente. Era cercada de muito amor e zelo, tão próprios das super mamães. Chegava até ao carro para o adeus daquela tarde, e minha emoção era ainda maior quando ouvia de seus lábios palavras ternas. "Cuidado, minha filha, feche bem o carro. Não corra muito. Assim que chegar, me telefona."
Era difícil dar partida no carro, porque na realidade queria sempre estar com ela. Sempre,sempre... mas ali a deixava,deixando meu coração com ela.
Pelo caminho, lembrava-me de sua dedicação, do gesto carinhoso em preparar o café da tarde com as gostosas broas de milho. Era o momento em que podia ir à sua casa e conversarmos sobre o nosso dia-dia. O meu, de trabalho, muito trabalho. O dela, na certa, monótono porque a velhice a limitava muito. Dormia um pouco à tarde, mas se despertava com minha presença quando lhe beijava a face, doce e sofrida pela vida. Levantava-se, então, da cama com bastante dificuldade com ajuda de uma bengala e caminhava para a sala. Lá preparava o gostoso lanche da tarde e não gostava de auxílio de ninguém. Apesar de ser momento alegre em nossas vidas,não deixava de ter seu lado triste porque era hora de conferir seus remédios, marcar suas consultas médicas, aliás o que a deixava muito braba. Quando cobrava a dieta, virava bicho. Não percebia que por meu excesso de amor a contrariava muito.
Os dias atuais não possuem rotina, nem lanche gostoso, apenas uma saudade doída que me acompanha por toda vida. Não esqueço nunca o dia 24 de março, o dia da nossa última despedida.
Homenagem póstuma à minha mãe.
Você e e eu sofremos juntas a morte prematura de meu irmão e de meu pai.
Era simples, mas tão envolvente. Era cercada de muito amor e zelo, tão próprios das super mamães. Chegava até ao carro para o adeus daquela tarde, e minha emoção era ainda maior quando ouvia de seus lábios palavras ternas. "Cuidado, minha filha, feche bem o carro. Não corra muito. Assim que chegar, me telefona."
Era difícil dar partida no carro, porque na realidade queria sempre estar com ela. Sempre,sempre... mas ali a deixava,deixando meu coração com ela.
Pelo caminho, lembrava-me de sua dedicação, do gesto carinhoso em preparar o café da tarde com as gostosas broas de milho. Era o momento em que podia ir à sua casa e conversarmos sobre o nosso dia-dia. O meu, de trabalho, muito trabalho. O dela, na certa, monótono porque a velhice a limitava muito. Dormia um pouco à tarde, mas se despertava com minha presença quando lhe beijava a face, doce e sofrida pela vida. Levantava-se, então, da cama com bastante dificuldade com ajuda de uma bengala e caminhava para a sala. Lá preparava o gostoso lanche da tarde e não gostava de auxílio de ninguém. Apesar de ser momento alegre em nossas vidas,não deixava de ter seu lado triste porque era hora de conferir seus remédios, marcar suas consultas médicas, aliás o que a deixava muito braba. Quando cobrava a dieta, virava bicho. Não percebia que por meu excesso de amor a contrariava muito.
Os dias atuais não possuem rotina, nem lanche gostoso, apenas uma saudade doída que me acompanha por toda vida. Não esqueço nunca o dia 24 de março, o dia da nossa última despedida.
Homenagem póstuma à minha mãe.
Você e e eu sofremos juntas a morte prematura de meu irmão e de meu pai.