A SEMENTINHA

Joana estava na sala sentada no sofá, lendo uma revista, quando a filha de 6 anos saiu do quarto e sentou-se ao lado dela.

“Jéssica, já é hora de você estar dormindo.”

“Eu sei, mãe, só que eu quero ficar aqui contigo.”

A menina abraçou a mãe.

“Eu conheço essa carinha! Parece que você quer me perguntar alguma coisa.”

Jéssica esboçou um sorriso e observou a barriga da mãe.

“Você tá esperando neném?”

“A minha barriga nem está tão grande assim!”

Jéssica observou novamente a barriga de Joana.

“Ah, não está tão grande, mas você tá esperando neném.”

Joana abraçou a filha.

“Sim, eu estou esperando um bebezinho. Lembra daquele dia em que você havia me pedido um irmãozinho ou uma irmãzinha?”

“Lembro.”

“Então, eu atendi o seu pedido.”

Jéssica não tirava os olhos da barriga da mãe.

“Vai ser um irmãozinho ou uma irmãzinha?”

“Adivinha.”

Jéssica pensou por alguns segundos.

“Vai ser uma irmãzinha.”

“Acertou! Vai ser uma irmãzinha!” Disse Joana.

Jéssica bateu palminhas, contente.

“E como você sabe que é uma irmãzinha?”

“Porque a médica que cuida da mamãe possui um aparelho que faz a gente saber se é menina ou menino.”

“Quando a minha irmãzinha vai nascer?”

“Sua irmãzinha vai nascer no final do ano, por enquanto ela ainda está se formando aqui dentro da mamãe.”

Jéssica passou a mão na barriga de Joana.

“Eu gosto da minha irmãzinha.”

“Mas ela ainda não nasceu!”

“Eu sei, mas eu gosto dela assim mesmo.”

Joana sorria. A menina tornou a observar a barriga da mãe.

“Mãe, quem colocou ela aí dentro? Não me diga que foi a cegonha ou uma sementinha que eu sei que isso não existe!”

Joana pensou no que ia dizer e Jéssica a olhava, esperando uma resposta.

“A cegonha não existe, mas a sementinha sim.”

“A sementinha existe?”

“Claro que sim, Jéssica!”

“Mas eu vi na televisão que para nascer alguém a gente tem que fazer amor com outra pessoa.”

“A televisão não explicou direito, Jéssica, para nascer alguém é preciso ter amor para com outra pessoa.”

“Não entendi.”

“É o seguinte; do amor que existe entre seu pai e eu surgiu uma sementinha. Essa sementinha entrou na mamãe e quando ela se desenvolver nascerá sua irmãzinha. O mesmo aconteceu com você.”

A menina olhava para a mãe tentando entender o que ela disse.

“Quer dizer que a sementinha é o amor?”

“A sementinha? É sim... ela é o amor.”

“Por que você ficou vermelha, mãe?”

“É porque está calor.”

“A gente é feita de amor?” A menina.

“De amor?”

“É porque a gente nasce da sementinha do amor.”

“Digamos que sim.”

“Se não tiver amor a gente não nasce?”

“Nasce também.”

“Mas... do amor só pode nascer amor.” Falou a menina.

“O amor é capaz de transformar tudo, o amor só gera coisas boas.”

“De que cor é a sementinha, mãe?”

“A sementinha não tem cor.”

“Ela é muito pequena?”

“É sim. Ela muito pequena. Muito pequena mesmo!”

“A gente consegue ver ela sem usar óculos?”

“Jéssica, quando você crescer e ficar adulta irá saber muito mais coisas sobre a sementinha.”

“Só quando eu crescer?”

“Isso mesmo! A sementinha se desenvolve quando a gente fica bem grande.”

“Por que?”

“Porque quando a gente é grande há bastante espaço na nossa barriga, assim os bebezinhos ficam bem acomodados e felizes, aguardando a hora de nascer.”

“Então todo bebezinho que nasce é um pedacinho de amor?”

“É, porque vieram da sementinha do amor.”

“Ah, entendi...” Disse a menina.

“Agora despeça da sua irmãzinha e vá dormir porque já está bem tarde.”

Jéssica acariciou a barriga da mãe.

“Boa noite, mãe!”

A menina foi correndo para o quarto. Logo em seguida ela voltou.

“O que houve, Jéssica? Por que voltou?”

Jéssica disse:

“Quando minha irmãzinha nascer, diga que eu quero brincar muito, muito, muito com ela.”

Joana sorriu.

“Pode deixar, Jéssica, eu falarei.”

“Boa noite, mãe!”

Joana beijou a menina no rosto.

“Boa noite, filha!”

Assim que Jéssica entrou no quarto, Joana não conseguiu conter o riso e logo tratou de contar tudo para o marido.

“Amor, aconteceu aquilo que esperávamos.”

“É sobre a visita da cegonha?”

“Isso mesmo! Só que há um detalhe que precisa ser esclarecido.”

“O que é?”

“A cegonha não existe, mas a sementinha sim!”

Alveres
Enviado por Alveres em 09/05/2014
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