INSTINTO MATERNAL
INSTINTO MATERNAL
Meu vizinho tem uma gata branca como neve, se é angorá ou siamês não sei. A bichinha atende pelo nome de PENÉLOPE (atende uma ova! não conheço bicho mais traíra do que gato! O mundo à sua volta pode pegar fogo, que eles “gatos” se salvam e o resto que se dane... não estão nem aí pelo nome que os chamamos).
E eu tenho um casal de cachorros. CAPELO é um cruzamento de fila brasileiro com uma vira-lata. BATE-SEBA é uma cadela sem definição sanguínea, pois o pai é ¾ de sangue hottweiler e outros que tais; a mãe é ¼ de dobermann fora os aderentes.
Como todo os cachorros eles odeiam gatos.
Na rua, todos os dias, quando saio a passeio com eles, não podem ver um gato, que partem para cima do bichano, com gosto de gás, é bem verdade que nunca pegam, pois os felinos são espertos, quando veem aquelas duas feras vindo para cima, correm e sobem em qualquer coisa alta o suficiente para deixá-los longe dos dentes. E ainda sorriem, lá do jeito dos sorrisos de gato.
A PENÉLOPE, em especial, meus cães detestam, pois ela debocha deles, quase a todo o momento, não só nos nossos passeios, mas também ficando sobre o muro e ronronando como a dizer: “vocês não me pegam! vocês não me pegam! vocês não me pegam!”.
Onde tem gata, tem gato. E eles cruzam, pois é da ordem das coisas... machos e fêmeas transarem sexualmente. E não raro geram filhotes.
A PENÉLOPE, na calada de uma noite de estrelas, encontrou um gato preto; e lá nos anseios das suas libidos fornicaram (com gritos perturbadores e tudo mais). Esta emprenhou. Nasceram quatro lindos filhotinhos, pintados de preto e branco. Que a mamãe defende com unhas e dentes, literalmente.
No cotidiano, quando virgem e solteira, PENÉLOPE nunca quis bater de frente com BATE-SEBA e CAPELLO; sabia e sabe ela do perigo. Porém com o advento dos filhos; e num vacilo seu, desceu do muro para passear com seus quatro pimpolhos, sem atinar para um possível encontro com os cães... este aconteceu!
Ela no afã de espantar os canídeos, no seu mais alto grau de instinto maternal ficou à frente dos inocentes gatinhos, fincou as garras no chão, arrepiou os pelos, arreganhou a boca, mostrando os dentes pontiagudos e esturrou, tipo espirro.
Queria ver qual cachorro chegaria até ela...