** A QUEDA **

Era véspera de Natal. Tensão estampada no ar, correrias, automóveis vindo e indo a todas as direções, todos muito apressados com freadas bruscas, a pressa pairava em todas as direções.

Entrei no mercantil superlotado parecendo um festival de quermesses,  prateleiras fantasiadas e coloridas a espreitar o freguês com decorações berrantes de vermelho, lembrando mesmo a tradicional cor do Papai Noel.

- Sua desavergonhada, vagabunda, descarada, ladra...Etc.etc. Um fato inesperado, ou por assim dizer, rotineiro amedrontou as pessoas presentes. - Que é isso gente, indaguei. Uma mulher arrastava outra pelos cabelos, que estava com um companheiro, berrando em alto tom.

Quantas delicadezas genéticas, diplomata em assuntos das comunicações sociais. Pensei... Deve ser o familiar  “chifre”, uma amante do marido, o qual acompanhava a sena, tranqüilo.
– É uma ladra, furtou a bolsa da outra. Responderam. - - Uai! Mulher de boa aparência, quem diria!
Fui para o caixa, depositei a mercadoria no balcão e quando olhei de soslaio iam levando meu carrinho.
– Epa menina não leve o carro, estou ainda precisando, psiu, psiu...Parece que é surda? – Ela é surda mesmo, comentou a moça do caixa. - Deus meu que "gafe".

– Senhor, por favor, pegue este outro carrinho para mim, referi-me a um homem que estava bem próximo. Nada por resposta. Que grosseiro pensei, hoje não há mais cavalheiros. – Ele é cego, senhora. Observou a moça do caixa. - Epa! outro engano!
- Ufa! Deixem-me ir. Por hoje já estar de bom tamanho, não precisa acontecer mais nada. O que vai restar para amanhã na comemoração do Jesus menino?

Dirijo-me para estacionamento. Em frente ao mercantil há uma parada para transportes coletivos. Parei ao presenciar um empurra, empurra de pessoas se acotovelando, descendo e subindo, "comportamento corriqueiro de algumas pessoas mal educadas” e no meio deste alvoroço uma mulher cai e se esparrama no chão feito um jenipapo maduro. Gargalhadas, risos e assobios ecoou do modo geral.

A mulher era baixa, gorda, com cara de “cômico”, daqueles que não precisa fazer nada basta à gente olhar e o sorriso já aparece. Olhou gaiatamente com ar de disfarce... 
- O que foi? Qual a graça? Cada pessoa tem sua maneira de descer do ônibus.
- As gargalhadas e os assobios pediram "bis".
- Valeu, recuperei o bom astral.


Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 07/05/2007
Reeditado em 17/06/2007
Código do texto: T478335
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