CHURRASCO COMUNITÁRIO

----Larga mão de ser porco Vlado!

----Não fui eu não!

----Ah, não foi você não? Se não foi você então deve ter sido o bebê!

Giselda pegou o pequeno Lucas e sentou-se em outro banco.

----Ta louco em meu sogro, esse chegou até a bater palmas. —Brincou Otávio, genro do Vlado.

E enquanto pegava outra cerveja na geladeira, Vlado não parava de rir um só instante. Pedro, o irmão de Vlado, apenas balançou a cabeça desaprovando a molequice do Vlado.

----E o desgraçado ainda vira a busanfa pro nosso lado.

Da mureta da varanda, Vlado observou o ônibus que subia a rua.

----Tão vendo aquele ônibus que está escrito Jardim Violeta?

Pedro virou-se e olhou o ônibus que havia parado do outro lado da rua, para o desembarque de alguns passageiros.

-----Jardim Violeta! To vendo!

----Pois então, o ponto final dele é no Jardim Violeta.

Pedro ficou olhando para a cara do Vlado sem entender direito.

----Ué? E você queria que ele parasse aonde? Na Freguesia do Ó?

Vlado sentou-se próximo a Gisela e apertou a bochecha do bebê, enquanto se arrebentava de rir.

----Pelo amor de Deus! O Vlado quando começa a beber só fala merda! –Resmungou Giselda.

----Só falo merda por quê? Você é que só fala merda!

----Ah, eu é quem falo merda! Se o ônibus está escrito Jardim Violeta, ele só pode parar no Jardim Violeta! Onde você queria que ele parasse?—Rebateu Giselda.

Vlado deu uma golada na cerveja, e já falando com a língua meio enrolada, tentou se justificar.

----Ta vendo como você é burra! Pois se eu acabei de falar que ele faz o ponto final no Jardim violeta, você se intromete na conversa só pra me contrariar! Se está escrito Jardim Violeta, ele só pode fazer o ponto final no Jardim Violeta, sua energúmena!

----Ô seu asno, se o letreiro do ônibus está escrito Jardim Violeta, ele não pode parar em outro lugar que não seja o Jardim Violeta. Ou você queria que ele parasse na Praça da Sé?

----Ah, pronto! Não estou dizendo que você é burra pra cacete. Como é que pode o letreiro do ônibus estar escrito Jardim Violeta e ele fazer o o ponto final na Praça da Sé?

----Ah, quer saber de uma coisa? Essa merda desse ônibus faz ponto final no meio do seu rabo! -- Esbravejou Giselda

Pedro e Otávio se arrebentavam de rir observando a discussão entre os dois.

----Ai ó, ta vendo só! Depois vocês falam que eu é que sou ignorante! Eu to conversando com ela numa boa e ela, sem mais, nem menos, me mandou tomar no rabo!

----Larga mão de ser mentiroso, porque eu não mandei você tomar no rabo. Eu só falei que essa merda desse ônibus deve fazer o ponto final no meio do seu rabo!

----É a mesma coisa! Retrucou Vlado, enquanto dava mais uma golada na cerveja.

----Não é a mesma coisa não! Você está querendo é colocar palavras na minha boca! Defendeu-se Giselda.

----Querendo colocar palavras na sua boca não! Você me mandou tomar no rabo e todo mundo aqui está de prova!

----Ah, quer saber de uma coisa Vlado, vá a merda. Agora eu me enfezei de verdade mesmo, vai tomar no meio do seu rabo com bastante força e pronto!

Giselda levantou-se com o neto no colo e foi sentar-se na sala, junto com a filha, que assistia televisão.

----Pelo amor de Deus em meu sogro, você parece ter prazer em deixar a Dona Giselda nervosa.

E enquanto o Pedro ajeitava a picanha na churrasqueira, o Vlado não parava de rir um só minuto de suas próprias palhaçadas, que sempre terminavam em briga com a pobre da dona Giselda, toda vez que faziam um churrasquinho no fim de semana.