UM HOMEM DESPROVIDO DE TALENTOS
 
      A vida moderna com todos os eletrodomésticos que existem para um homem viver sozinho é fácil, basta ter disposição, da para se virar sem recorrer à ajuda de ninguém.
      Mas nos anos sessenta e setenta para morar sozinho não era para qualquer um não, tinha que ter coragem e um pouco de prendas domesticas.
     Chegar à tarde da roça ter que acender o fogão de lenha para fazer a janta e não podia fazer a mais para o almoço, pois não tendo geladeira para guardar corria o risco de azedar até a hora de comer, então tinha que levantar de madrugada para fazer café e o almoço. Lavar roupa na mão em uma bica d’água ou num poço, não era tarefa fácil.
     Durante o tempo que moramos na fazenda conhecemos alguns que viviam sozinhos, uns se viravam com a roupa e cozinhavam o que chamavam de (queimar lata) outros pagavam para uma família que os fornecia a alimentação e cuidava da roupa o que chamavam de (pagar pensão).
     Esta pessoa que vou chamar apenas de José, por não ter nenhuma habilidade na cozinha, nem em qualquer serviço doméstico não poderia queimar lata e também não conseguiria se virar sozinho nem pagando pensão, por isso morava com um irmão casado.
    Sua cunhada nunca escondeu que não gostava de sua presença em casa, suportava porque não havia outro jeito mas o tratava com desprezo e até mesmo com grosseria.
    O irmão não era muito diferente moravam e trabalhavam juntos, mas o relacionamento era frio e este não perdia oportunidade de humilhá-lo em frente aos colegas de trabalho, José não respondia nada ria um riso sem graça e abaixava a cabeça.
   Nunca alguém viu o José com uma mulher, é quase certeza que nunca namorou e mais não posso afirmar más baseado em tudo que se viu da para supor que o José morreu virgem.
   Mas sua inaptidão não parava por aí para começar ele era analfabeto, não sabia nem desenhar o nome, no trabalho também era limitadíssimo. Não que o José não tivesse qualidade nenhuma, tinha, ele era educado, honesto e respeitador, mas faltavam-lhe habilidades.
      Na fazenda havia uma variedade de serviços e também um grupo variado de empregados para realizá-los, o administrador na hora de escalar os trabalhos, escolhia aqueles que apresentavam maior facilidade para desempenhar a função de acordo com seus talentos.
     Existiam aqueles que eram profissionais em oficio como, pedreiro, carpinteiro, encanador ou eletricista, o José não era nada disso.
    Tinha aqueles que levavam jeito para trabalhar com animais, na lida do gado ou animais de trabalho, nesta época a maior parte dos trabalhos na lavoura era feito com o auxilio de animais, também o transporte dos produtos colhidos. O José não levava menor jeito para estas funções.
  Tinha o trabalho pesado de sacaria, carregar e descarregar caminhões de adubo e café, mas o José não tinha força para isso era fraco.
    As tarefas para o José eram sempre aquelas, trabalhos que as mulheres e os menores de idade faziam na fazenda, ou seja, trabalhos leves e que não ofereciam nenhum risco como, na lavoura a capinação, adubação, colheita e alguns outros serviços que não exigisse muito esforço ou fosse muito difícil de realizar.
    Interessante como tem algumas pessoas que tem uma facilidade para aprender qualquer serviço manual, tem um ótimo desempenho em tudo que faz, existe também uma maioria que faz um pouco de quase tudo e seu desempenho é satisfatório alguns para mais outros para menos.
     Também tem aqueles como o José que não tem talento nenhum, faz apenas o básico e seu desempenho é insuficiente, estes passam pelo mundo quase despercebidos não sobressaem em nada, também em nada se especializam, vão deixando a vida passar e não faz o mínimo esforço para mudar alguma coisa.
João Batista Stabile
Enviado por João Batista Stabile em 05/04/2014
Reeditado em 20/08/2015
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