Desejo de uma ascensorista

No elevador, ele entra de gravata amarela. Prontamente ela aperta o número sete no painel de andares.

— Bom dia.

— Bom dia, Seu Carlos. Atrasado?

— Deixe de formalidade, Silvia. Já te disse, me chame de Carlos.

— É o costume, Carlos... É o costume...

Ele vê seu reflexo no espelho e arruma o cabelo. Virando-se, pergunta para Silvia::

— E as costas?

— Diminuíram as dores. Mas este trabalho não é mais pra mim. Preciso arranjar outro emprego.

— É isso aí. Saúde em primeiro lugar.

— Sim, já estou há dez anos neste prédio e no mesmo elevador. Às vezes chego ao ponto de invejar a colega do elevador ao lado.

— Ué, por quê?

— Ah, sei lá, a grama do vizinho parece sempre mais verde.

O elevador para no sexto andar. Um casal entra.

— Bom, continue se cuidando, Silvia. Quando arranjar outro emprego, não esqueça de se despedir de mim.

— Com certeza não esquecerei.

Sétimo andar. A porta do elevador se abre e Carlos segue em frente. A ascensorista sorri e olhando para a bunda do homem, pensa: Delícia! Quem sabe uma noite, apenas uma noite...

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Jim Carbonera
Enviado por Jim Carbonera em 31/03/2014
Reeditado em 03/04/2014
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