p1000536.jpgO ANIVERSARIANTE
 
 
             Foi trombudo para o escritório. Era dia de seu aniversário e a esposa nem sequer o abraçara ou fizera a mínima alusão à data. As crianças, nessas alturas a caminho da escola, também tinham se esquecido do beijo e do abraço habtuais. À saída ainda olhara, esperançoso, para debaixo da cama, a ver se via um par de sapatos novos, ao menos de chinelos, marcando a  nova data. Nada de nada.
             No escritório os amigos se distanciaram do carinho afetuoso. Alguns até lhe viraram a cara, quando os olhara de frente à espera de um agrado, qualquer que fosse. E o dia foi todo assim: de indiferença, de ausências e de poucas falas.
             Voltou para casa mais trombudo ainda, cansado das filas, dos solavancos do coletivo, do desprezo daqueles que faziam parte do seu mundo. Ao abrir a porta, pronto para o desabafo e a desforra, a vida explodiu em foguetes, em bolas coloridas, em risos e abraços e no canto festivo do “Parabéns pra você” , pela esposa, pelos filhos e pelos amigos que julgara distantes. Todos sorriam felicidade. Somente ele chorava alegria...

Seguindo o novo estilo da poeta Ysolda Cabral, a quem beijo abraços e abraço beijos,

Odir Milanez


 
oklima
Enviado por oklima em 30/03/2014
Código do texto: T4749972
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